Pacem in Terris: «O folar da Páscoa» do Papa João XXIII

Com a humildade que lhe era peculiar, o Papa João XXIII chamou à encíclica «Pacem in Terris», publicada a 11 de Abril de 1963, o “folar da Páscoa” e disse também que, juntamente, com a encíclica «Mater et Magistra», estes documentos estimulariam uma “reflexão séria sobre os problemas económicos, sociais e políticos”.

Com a humildade que lhe era peculiar, o Papa João XXIII chamou à encíclica «Pacem in Terris», publicada a 11 de Abril de 1963, o “folar da Páscoa” e disse também que, juntamente, com a encíclica «Mater et Magistra», estes documentos estimulariam uma “reflexão séria sobre os problemas económicos, sociais e políticos” (mensagem pascal de 1963).

Esta encíclica do homem que convocou o II Concílio do Vaticano – publicada uns meses antes da sua morte – teve o acolhimento “mais caloroso e universal” que até àquela data “foi dispensado a um documento pontifício”. Nem Pio XII, com o enorme prestígio da “sua invulgar cultura e a fama da sua inegável santidade” verificou tamanho interesse pelas suas encíclicas e mensagens, “apesar da sua inesgotável riqueza do seu conteúdo doutrinário e da candente actualidade das suas profundas observações”. (cf. Revista «Lumen», Julho-Agosto de 1963)

Numa recepção aos directores nacionais e membros dos conselhos superiores das Obras Missionárias, o Papa João XXIII acrescentou: “A encíclica «Pacem in Terris» trouxe ao mundo inteiro o eco das solicitudes maternais da Igreja para a construção dum entendimento duradoiro entre os povos” (Cf. «Novidades» de 18 de Maio de 1963).

Também o episcopado português sublinhou a importância do documento que classificou de “nova aurora de esperança” e que toca nos “corações dos homens”. Na nota pastoral (In: «Novidades» de 03 de Maio de 1963), os bispos portugueses realçam que a humanidade recebeu com exultação “esta presença luminosa da Igreja no mundo” e pedem para que “todos os homens de boa vontade se tornem operários da paz”.

Num artigo, publicado na revista «Lumen» de Julho-Agosto de 1963, escreveu-se que “é difícil seleccionar os comentários das figuras mais representativas do nosso tempo, não porque se corra o perigo de encontrar alguma censura ou frase desfavorável, mas precisamente pela delicadeza de escolher, com assentimento geral, as figuras mais representativas”.

Apesar das dificuldades na escolha dos comentários encomiásticos, a Agência ECCLESIA optou por duas figuras representativas, os presidentes das duas grandes potências da altura: Estados Unidos da América e Rússia que se pronunciaram sobre a «Pacem in Terris».

Enquanto Nikita Khrushchev, numa entrevista ao diário italiano de Milão (Itália), «Il Giorno», disse que aplaudia a atitude de João XXIII a favor da paz: “O Papa manifestou o seu apoio ao fim da corrida aos armamentos, à proibição de armar nucleares, ao termos das experiências com tais armas… e à co-existência pacífica dos Estados”, o presidente dos Estados Unidos da América referiu – numa cerimónia comemorativa do centenário da Universidade católica de Boston – que o documento pontifício demonstra “claramente” que é possível, “na base de uma grande religião e das suas tradições, dar sobre os negócios públicos conselhos válidos para todos os homens”. (Cf. «L´Oservatore Romano, 10 de Maio de 1963).

O presidente Kennedy conclui que, “como católico”, se sentia “orgulhoso” com o documento de João XXIII e que iria aproveitar “a lição” porque se deve “aprender a falar a linguagem do progresso e da paz por cima das barreiras”.

LFS

 

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