Óbito: Faleceu D. Francisco Mata Mourisca, primeiro bispo da Diocese do Uíje

Religioso português foi para Angola em 1967, onde permaneceu como responsável episcopal até 2008

D. Francisco de Mata Mourisca

Uige, 17 mar 2023 (Ecclesia) – D. Francisco da Mata Mourisca, missionário português e primeiro bispo do Uíje, faleceu esta quinta-feira, aos 94 anos, “vítima de doença”, informou a diocese angolana.

“Elevamos a nossa oração ao Senhor da vida e da morte que nos concedeu uma vida de um pastor da nossa Igreja, D. Francisco, que permanecerá para sempre um evangelho vivo”, indica uma nota divulgada online.

D. Francisco Mata Mourisca nasceu a 12 de outubro de 1928, em Mata Mourisca, Concelho de Pombal, Distrito de Leiria e Diocese de Coimbra, tendo entrado no Seminário Seráfico da Ordem dos Franciscanos Capuchinhos a 10 de outubro de 1941, onde vestiu o hábito religioso a 13 de agosto de 1944 e emitiu os votos religiosos a 15 de agosto do ano seguinte.

Foi ordenado sacerdote na Capela do Convento do Tronco (Porto), no dia 20 de janeiro de 1952 por D. Policarpo da Costa Vaz, bispo auxiliar do Porto.

O site dos Capuchinhos em Portugal recorda, num texto escrito por ocasião dos 91 anos de D. Francisco da Mata Mourisca, a ida a Angola, em 1964, por ocasião “de uma visita canónica à Missão do Caxito, em Angola”, onde se “estudou a possibilidade de criar as condições jurídicas para ser erigida uma Missão Regular dos missionários portugueses”.

Em 1967, o Papa Paulo VI erigiu a Diocese de Carmona-São Salvador, no norte de Angola e “nomeou como primeiro bispo da mesma, o padre Fr. Francisco da Mata Mourisca, com apenas 39 anos de idade”, tendo a ordenação episcopal acontecido na igreja dos Capuchinhos do Amial, Porto, no dia 30 de abril de 1967, sendo bispo sagrante o núncio apostólico, D. Maximiliano de Furstemberg.

“D. Francisco da Mata Mourisca, partiu para Angola no dia 27 de julho de 1967 e, a 30 desse mês, tomou posse oficial da recém-criada nova diocese, hoje denominada Diocese do Uíje”, precisaa nota.

O bispo capuchinho serviu a diocese durante 41 anos, tendo continuado a residir no Uíje como bispo emérito, e a “servir a Igreja em Angola”, nomeadamente na “Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso”.

Em 2018, D. Francisco Mata Mourisca recordava à Agência ECCLESIA o papel que a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) desempenhou, em especial durante a guerra, com as “suas observações e apelos à paz”.

Na altura, no assinalar dos 50 anos da CEAST, o bispo capuchinho recordava os “tempos amargos” e a resiliência da Igreja.

“Tempos amargos e a CEAST suportou, defendeu os fiéis, foram tempos difíceis com o marxismo, mas a Igreja desempenhou o cargo de defesa dos cristãos, apelando à paz, ajudando o povo a viver santamente. À Igreja não lhe compete tratar das independências mas compete ver como se vive depois, levou o povo angolano a viver a independência de forma justa e digna, respeitando os direitos humanos e a fé cristã”, assinalava na altura o bispo emérito.

LS

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