Nova igreja de Fátima quer ser espaço de luz

O autor da igreja da Santíssima Trindade de Fátima, Alexandros Tombazis, que será inaugurada no próximo dia 13 de Outubro, considera que a luz tem importância em qualquer projecto, mas no caso de uma igreja “é um factor fundamental”. O projecto desenhado pelo arquitecto greco-ortodoxo combina a luz e a tecnologia, procurando respeitar a atmosfera local. Alexandros Tombazis passou por Portugal, onde participou no Fórum Arquitectura Religiosa, organizado pela Turel na Póvoa de Varzim, para falar da nova igreja, explicando as opções que tomou para um local onde se irão reunir milhares de peregrinos, mas também se poderão viver momentos de intimidade. Em Fátima, como revela ao Programa ECCLESIA, procurou “criar um espaço mais espiritual, agradável, que consiga poupar energia e ser amigo do ambiente”, dado que não há necessidade de luz artificial ao entardecer. No total, a igreja da Santíssima Trindade conta uma nave central de nove mil lugares sentados (um primeiro espaço para 3500 pessoas, separado por um biombo, poder ser completamente aberto em caso de necessidade), em cujo altar será colocada uma pedra retirada do túmulo de S.Pedro, oferecida pelo Vaticano. O interior da igreja é iluminado pelo tecto, através de janelas viradas para Norte (sheds), dando prioridade à luz natural. Será possível mudar a iluminação, em diferentes lugares e com diferentes intensidades, com a ajuda de um sistema computadorizado. Simbolicamente, a orientação dos sheds lança o olhar em direcção à Basílica já existente. Alexandros Tombazis mostrou-se “muito agradecido” por fazer parte deste projecto e indicou que, como em todos os projectos, procurou inspiração “no tema, nos espaços e no clima, bem como na história”. “Penso que uma igreja tem 10% de coisas práticas, funcionais, e 90% de espiritualidade noutros projectos”, assinala, frisando que “a ideia de uma igreja é muito diferente” da que está subjacente, por exemplo, a um hospital. Sobre as características da igreja da Santíssima Trindade, o arquitecto começou por explicar a sua forma oval, inspirada nos teatros antigos, permitindo aos fiéis verem o altar, independentemente do local onde estiverem. A futura igreja de Fátima será o maior recinto público fechado do país. A igreja tem forma circular, com 125 metros de diâmetro, e é sustentada por um grande pilar que suporta toda a cobertura e evita colunas no interior do templo. Presente no Fórum da Póvoa do Varzim esteve também o director geral da obra que explicou as diversas fases de construção. António Carvalho revelou terem sido utilizados na primeira fase da construção mais de cinco quilómetros de estacas, sete mil toneladas de aço, 50 mil metros cúbicos de betão cinzento e mais de sete mil metros cúbicos de betão branco. Para o engenheiro, nesta obra “a grande diferença é o meio envolvente, as pessoas, o facto de estarmos no meio religioso requer acima de tudo uma série de cuidados que temos e adquirir”. “Uma obra como a que estamos a fazer em Fátima, dada a sua dimensão, envolve um rigor técnico de projecto e de execução acima do que é usual”, assegura.

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