Presidente da fundação pontifícia alerta para «nível de extremismo e violência absolutamente aterradores»
Lisboa, 17 mai 2022 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) condenou o ataque “bárbaro” à estudante cristã Deborah Yakubu, que foi apedrejada e queimada até à morte por colegas no Colégio Shehu Shagari, em Sokoto, na Nigéria, acusada de blasfémia.
“Os nossos pensamentos e orações estão com a família de Deborah e com a comunidade cristã de Sokoto. Também apelamos a todos os líderes políticos e religiosos da Nigéria para que condenem firme e explicitamente este caso de extremismo religioso”, disse o presidente executivo internacional da fundação pontifícia AIS, Thomas Heine-Geldern.
Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o secretariado português da AIS explica que Deborah Yakubu, uma jovem estudante cristã, foi apedrejada e queimada até à morte, por colegas no Colégio Shehu Shagari, em Sokoto (Nigéria), a dia 12 de maio, por alegadamente ter enviado mensagens com carácter blasfemo durante o Ramadão, através do WhatsApp,
Thomas Heine-Geldern afirmou que este ataque “bárbaro” revela que se atingiu um “nível de extremismo e violência absolutamente aterradores” na Nigéria, e lembrou que “quase todas as semanas” têm notícias de raptos e dezenas de mortos, mas “este ato bárbaro deixa-nos sem palavras”.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre adianta que a escola onde estudava Deborah Yakubu foi mandada encerrar pelas autoridades do estado de Sokoto, e recorda que, desde 1999, doze estados do norte da Nigéria adotaram códigos legais baseados na ‘Sharia’ (a lei islâmica) que “funcionam em paralelo com os tribunais seculares” e muitas leis incluem “pesadas penas por blasfémia, incluindo a morte”.
“O extremismo religioso que conhecemos tão bem do Boko Haram, e que tem causado tantas vítimas inocentes, parece estar a espalhar-se e a polarizar uma parte cada vez maior da sociedade. Existe uma grave crise de liberdade religiosa, que não é apenas causada por terroristas”, desenvolveu o presidente executivo internacional da fundação pontifícia AIS.
Thomas Heine-Geldern considera que o governo nigeriano “deve refletir profundamente” para onde esta violência está a arrastar o país, “e como pode defender os direitos de todos os seus cidadãos”.
O bispo católico de Sokoto, D. Matthew Hassan Kukah, incentivou o governo local a investigar este caso e a levar os responsáveis à justiça, e a Associação Cristã da Nigéria convocou um protesto pacífico, para pedir o fim da violência, para a tarde do próximo domingo, dia 22 de maio.
No dia 14 de maio, as autoridades de Sokoto decretaram um recolher obrigatório de 24 horas por causa da violência de grupos de jovens muçulmanos e, segundo a diocese católica registaram-se ataques a igrejas, como a Catedral da Sagrada Família, em Bello Way.
A Fundação AIS recorda que diversos sacerdotes e religiosas também têm sido atacados e raptados na Nigéria: No mesmo dia 12 de maio denunciou o assassinato do padre Joseph Aketeh Bako, de 48 anos, depois de ter sido raptado na residência paroquial na igreja de São João, em Kudena; em março os padres Felix Zakari Fidson e Leo Ozigi foram raptados e libertados, bem como quatro freiras num mosteiro beneditino atacado por homens armados.
CB