Natal: «O que Deus nos ensina no presépio é a audácia de nascer» – D. José Tolentino Mendonça (c/vídeo)

Cardeal português diz que «luz» do nascimento de Jesus deve inspirar responsabilidade com o próximo

Foto Agência ECCLESIA/TAM

Lisboa, 25 dez 2019 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça disse à Agência ECCLESIA que a celebração do Natal deve inspirar atitudes de fraternidade e atenção ao próximo, partilhando a “luz” da fé.

“O Natal é um dom que nos é oferecido, é uma luz que se acende. A grande pergunta é: o que é que eu vou iluminar com esta luz? Por que é que esta luz se acendeu? O que é que eu posso fazer? Essa é, no fundo, a verdadeira pergunta natalícia”, refere o arquivista e bibliotecário da Santa Sé, em entrevista que é emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2, 15h00).

O cardeal e poeta destaca a importância de saber “nascer”, um “ato para conjugar de muitas maneiras”, ao longo da vida.

“Nós precisamos de nascer. O que Deus nos ensina no presépio é a audácia de nascer, a audácia de nascer mesmo na fragilidade, na nudez, na precariedade, no não-preparado, na vida como ela é, mas com a capacidade de florescer. No fundo, a capacidade de ser”, explica.

O entrevistado, autor de várias reflexões sobre a celebração do nascimento de Jesus, sublinha que todos devem participar na história do Natal.

“Cada um de nós é personagem do presépio”, precisa.

Há uma alegria que não se esgota, uma alegria que não se vai embora com o pôr-de-sol deste dia 25. E é essa cintilação de esperança a coisa mais importante”.

O colaborador do Papa espera que este seja um tempo marcado pela “luz” que ilumina a existência humana, “reaproxima dos outros e do sentido da vida”.

“Jesus vem para isso: Jesus vem, não para o mundo idealizado, mas para o mundo real. Para o mundo concreto, cheio de feridas, de divisões, de coisas por tratar, de mudanças a inscrever. Nesse sentido, Ele é uma luz”, observa.

D. José Tolentino Mendonça considera que cada Natal é “uma oportunidade”, um “relançamento da vida”.

“O programa de vida que o Natal nos deixa é, de facto, essa capacidade de sermos em plenitude”, indica.

Foto: Lusa
‘A cicatriz de Belém’ – Presépio instalado pelo artista plástico Bansky na Palestina.

Comentando as várias imagens do presépio, o cardeal madeirense refere-se ao Natal como “uma escola de inclusão”, na qual ganham protagonismo os mais frágeis e pobres, para inspirar uma “ação transformadora” da sociedade.

“Esta responsabilidade de uns pelos outros é um património inalienável”, sustenta.

As nossas sociedades não podem esquecer que o valor primeiro é a vida, estarmos vivos é o primado. Em volta da vida, nós devemos ajoelhar-nos, oferecer os nossos dons, sentir a grande alegria. Porque se deixamos de sentir alegria, quer dizer que um apagamento aconteceu dentro de nós, que deixamos de ter a capacidade de espanto, de fraternidade e de acolhimento.”

O arquivista e bibliotecário da Santa Sé entende que algumas imagens de Deus devem ser purificadas a partir do “Deus Menino” de Belém.

“A encarnação de Deus, que se faz Deus connosco, é o grande presente, é a grande luz que se acende”, aponta.

PR/OC

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