Natal: Festa da Comunidade Vida e Paz «serviu» uma refeição e também o cartão de cidadão

Três dias para acolher pessoas em situação de sem-abrigo e proporcionar o «acesso a todos os direitos sociais que são de cidadania elementar»

Lisboa, 18 dez 2017 (Ecclesia) – O diretor-geral da Comunidade Vida e Paz disse à Agência ECCLESIA que servir “bastantes almoços e jantares” na festa de Natal significa que “há pessoas que estão a necessitar deles”, assim como serviços essenciais, como o cartão de cidadão.

“O nosso sonho era poder fazer esta festa, mas sem as pessoas necessitarem, convivendo. Temos de as acolher bem e temos de as servir naquilo que são as necessidades delas”, afirmou Henrique Joaquim.

Para o diretor-geral da Comunidade Vida e Paz (CVP), há um “conjunto de serviços e apoios que normalmente não têm durante o ano” e que encontram nos três dias da festa de Natal, onde a possibilidade de adquirir o cartão de cidadão na hora é a “cereja no topo do bolo”.

“A pessoa pode entrar andrajosa – e ás vezes entra – e pode ter acesso a roupa, higiene pessoal, um barbeiro, a uma fotografia para ver a sua autoestima transformada, à área da saúde e da cidadania. E a cereja em cima do bolo: podemos fazer o cartão do cidadão na hora aqui”, sublinhou Henrique Joaquim.

O objetivo da Festa de Natal da CVP é proporcionar o “acesso a todos os direitos sociais que são de cidadania elementar”, durante três dias, onde existem também “espaços ecuménicos” para quem quiser “estar mais retirado”, referiu.

“Ajude-nos a dar a volta a esta vida” foi o tema da Festa de Natal da CVP deste ano e o seu diretor-geral indica que há muitas pessoas que recomeçam a vida depois de passar pelo ambiente proporcionado durante três dias.

“Felizmente acontece por que muitas pessoas encontram aqui o ambiente de confiança e diria até o ambiente de amor necessário para poder voltar a acreditar e a ter a esperança”, afirmou Henrique Joaquim, depositando esperança na Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-abrigo, aprovada em junho último.

“Quando criamos essas condições, a pessoa disponibiliza a deixar-se ajudar e muitas vezes a acreditar pela enésima vez que é possível dar a volta, porque o começa aqui não acaba aqui. Todo o apoio e o processo de transformação e apoio social efeito à posteriori da festa”, acrescentou.

O trabalho de acolhimento e encaminhamento das pessoas em situação de sem-abrigo na Festa de Natal é feito por voluntários, alguns após terem passado pela mesma experiência e terem aderido às ferramentas da Comunidade Vida e Paz com sucesso, como foi o caso de Luís Martins e João Paulo Ribeiro.

Luís Martins consumiu drogas durante 20 anos e vivia na rua quando conheceu a Comunidade Vida e Paz, onde encontrou a possibilidade de “dar a volta”.

“Hoje ajudo outros”, afirmou, indicando a todos a certeza do recomeço.

“Venham para este lado que é possível. Dá trabalho. Mas é deste trabalho que nos levantamos diariamente e nos olhamos ao espelho”, sustentou.

“O apelo que eu deixo é que todas as pessoas que estejam nesta situação arrisquem, confiem neles próprios e deem a volta porque é possível”, disse João Paulo Ribeiro, natural da Covilhã e que teve a rua por abrigo após ter vindo para Lisboa.

“Basta força de vontade. Mais nada”, garantiu o voluntário, que é também o responsável pela agricultura biológica da Comunidade Vida e Paz.

A Comunidade Vida e Paz é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, que assume como missão “apoiar as pessoas sem-abrigo de Lisboa com o objetivo de as reabilitar e reinserir como cidadãos participativos na sociedade”.

A Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz decorreu nas Cantina da Universidade de Lisboa, nos dias 15, 16 e 17 de dezembro.

PR

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