«Não Obrigada»

Plataforma cívica começa campanha pelo «não» ao aborto Foi apresentada hoje a Plataforma “Não Obrigada” que se manifesta contra a liberalização do aborto, juntando diversas personalidades de diferentes quadrantes sociais e políticos. Dizem “Não Obrigada” àquilo que consideram ser a liberalização “a pedido” da prática do aborto e apresentaram hoje as razões e os mandatários para esta causa. Os efeitos destrutivos na vida das mulheres, o ser humano em causa desde a concepção, o aumento do número total de abortos após liberalização e o uso de financiamentos para a prática do aborto são razões que juntaram inúmeras pessoas na apresentação oficial da Plataforma. Assumindo-se como um movimento cívico, apartidário, não confessional, com profissionais de várias áreas, a plataforma quer “explicar que esta lei cria facilitismo e uma demissão total do Estado”, defende uma das pivots da Plataforma, Sandra Anastácio. “Sabemos que da experiência de outros países após a liberalização, a prática aumentou exponencialmente e a liberalização não resolve os problemas efectivos que as mulheres têm”, problemas esses de ordem económica, social e emocional. No período entre os referendos os movimentos pelo “não” envolveram-se em projectos, “ao contrário dos defensores do sim que não apresentaram alternativas”. Sandra Anastácio, Directora da Ajuda de Berço lembra que ao “longo destes oito anos ajudámos a desenvolver cerca de 40 instituições de apoio à família e à vida, acho que isso nos dá credibilidade para dizer que vale a pena apostar nas mulheres, vale a pena apostar na vida e vale a pena criar alternativas” sublinha em declarações à Agência ECCLESIA. Como movimento cívico que desenvolve o seu trabalho através de donativos, “estamos por isso abertos a que todos possam e queiram colaborar com este movimento e receptivos a receber donativos que possam ser empregues nesta causa” dando já conta de algum apoio por “parte de particulares apesar de estarmos no começo”. A aposta é no esclarecimento e na informação “reservando alguma surpresa na forma como vamos chegar à opinião pública” considerou João Paulo Malta, ginecologista. Garantem, de qualquer forma “uma campanha moderna, não agressiva que quer principalmente esclarecer”, porque o que se trata “é de uma liberalização total do aborto e não de uma despenalização porque esta está feita desde 1984”, finaliza Sandra Anastácio. A esta Plataforma várias personalidades se juntam como mandatários. Manuel Braga da Cruz, Reitor da UCP; o jornalista e deputado, Ribeiro Cristóvão; o treinador do Benfica, Fernando Santos; Bagão Félix, ex-ministro do Governo PSD/CDS-PP; Ernani Lopes, economista; Nuno Rogeiro, politólogo; Nuno Morias Sarmento, ex-ministro do Governo PSD/CDS-PP, entre muitos outros. Zita Seabra, deputada do PSD, considera que a lei “que apresentei em 1984 mantém toda a sua validade, é uma lei equilibrada e suficiente para resolver o drama que se atravessa na vida de algumas mulheres” considerou, manifestando “a mesma opinião que tinha há 20 anos atrás” afirmou. À Agência ECCLESIA considerou que o resultado do referendo deve ser “não”, e que a lei deve ser alterada no sentido de impedir que mais mulheres vão a julgamento, “sendo uma alteração meramente jurídica”. A deputada do PSD vê com bons olhos o envolvimento dos partidos políticos pois “eles têm uma responsabilidade política pelo que fazem e dizem”. Considera que a política não é contra os cidadãos devendo acrescer o “envolvimento dos cidadãos em algo que lhes diz directamente respeito”. Maria José Nogueira Pinto, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa e militante do CDS-PP, junta-se a esta causa “com convicção. É preciso lembrar que já existe uma lei em Portugal que legisla as situações que podem ser consideradas mais relevantes e por isso estou do lado da vida humana que tem de ser protegida, dando voz aos seres que não têm voz” referiu. A vereadora de Lisboa considerou que “os partidos devem apagar-se perante as plataformas dando lugar a movimentos cívicos e transversais” reiterando a sua participação “enquanto cidadã”. Também presente na apresentação esteve Fernando Castro, Presidente da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas que considerou o referendo “completamente descabido. O governo só existe 10 semanas depois de tomar posse? As pessoas estão mortas 10 semanas depois de terem morrido?” frisou, chamando a atenção para os 47 mil nascimentos a menos. Matilde Sousa Franco, deputada independente do PS por Coimbra nunca escondeu a sua convicção, não sendo esta a primeira vez que participa em campanhas. “Na Assembleia da República deixei clara a minha posição e não me abstenho, voto mesmo contra”. Manifestando-se “completamente à vontade no PS para agir livremente” garante que esta “não é uma questão de esquerda ou de direita”. É antes “um problema muito prático porque a Europa tem um problema gravíssimo de falta de população. A Comissão Europeia deu normas no sentido dos países terem políticas pró-natalidade” considerando que estas políticas “já deveriam ter surgido antes”. A realidade americana Myra Meyers, veio dos Estados Unidos da América, país onde o aborto é livre desde 1973. É voluntária na Justice Foudation’s Operation Outcry, e veio a Portugal “partilhar a verdade sobre os males que o aborto causa às mulheres e às famílias”. Quando soube o que se passava em Portugal, não fiquei nada entusiasmada, mas senti logo que tinha de vir porque não quero ver em Portugal o mesmo que está a acontecer nos EUA”. Esta texana realizou um aborto e ao longo das três décadas desde a interrupção dessa gravidez “me arrependo do que fiz”. Engravidou jovem, foi mãe cinco vezes e quando o aborto foi liberalizado, apesar de nunca antes ter considerado essa hipótese “acreditei nas mentiras da liberalização”. “Agora sei que nada fere mais um homem e uma mulher que tirar a vida de um filho” e afirma que o aborto livre é enganador pois a sua liberalização não significa segurança. “Os procedimentos do aborto são sempre perigosos, não está em causa o sítio onde se realiza mas o procedimento em si” recordando que teve de tirar o útero. Se tivesse realizado um aborto logo na primeira gravidez “eliminaria todo o futuro da minha descendência, filhos e netos”. Nos EUA existem neste momento 1 milhão e 200 mil abortos por ano, número que aumentou cerca de 15 a 20% todos os anos desde a liberalização. “O aborto fere tanto as mães como os pais pois existe o sofrimento pela morte de uma criança e sentes-te responsável por essa perda” recorda Myra Morris. Depois de muitos anos a favor do aborto hoje “estou contra por causa dos efeitos que o aborto tem nos pais e na sociedade” afirma a texana. Relembra que “estamos a perder um terço dos nossos cidadãos e eu sei que esta situação está a acontecer também na Europa, afectando a economia e o futuro das gerações”.

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