Mulheres: Fundação AIS denuncia violência crescente em países do Médio Oriente, com motivações religiosas

Radicais islâmicos procuram «conversões» com ataques a mulheres e crianças, atingindo famílias cristãs

Foto: AIS

Lisboa, 20 jan 2022 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) denuncia, através de um estudo, o aumento da violência contra mulheres, afirma ser uma “arma de guerra” e uma tentativa de “despedaçar famílias cristãs”.

“A violência contra as mulheres cristãs é uma arma que está a ser utilizada para travar uma guerra contra as minorias religiosas. Isto também tem algo a ver com a estrutura da lei islâmica. Se uma mulher cristã é forçada a converter-se ou é casada à força com um muçulmano, é impossível para ela regressar à sua fé cristã – mesmo que se possa libertar ou seja libertada do casamento. Se a mulher tiver filhos, esses filhos permanecerão sempre muçulmanos”, explica a investigadora e especialista em questões sobre direitos das mulheres Michele Clark, num comunicado da AIS enviado à Agência ECCLESIA.

A professora da Elliot School of International Affairs, em Washington, é a responsável pelo relatório «Oiçam os Gritos Delas», da Fundação AIS, sobre rapto, violação e conversão forçada de mulheres e raparigas cristãs e de outras minorias religiosas em vários países, nomeadamente Egipto, Nigéria, Moçambique, Paquistão, Síria e Iraque.

Apesar de ser uma realidade “relativamente desconhecida” o relatório dá conta de uma “aumento dos ataques contra as mulheres cristãs” mas a autora reconhece a existência de muitos mais que importa continuar a investigar.

O relatório fala em “violência contra as mulheres cristãs” vítimas de atos realizados por “islamitas radicais” com o objetivo de atingir as famílias cristãs, uma vez que os ataques atingem os “filhos de mulheres, caso venham a ser mães”.

A AIS explica que Michele Clark desenvolve trabalho nas áreas de “direitos humanos, com relevo especial nos direitos das mulheres e das jovens cristãs no Egipto”.

“Os relatos de casos de mulheres coptas raptadas, forçadas a casar e a converterem-se a Islão, que a professora foi coligindo, acabaram por integrar dois relatórios de comissões do Congresso dos Estados Unidos da América”, explica o comunicado.

Foto: Lusa

Michele Clark quer que a sociedade reflita sobre o desconhecimento da sociedade sobre casos de “agressões sexuais, rapto e casamento forçado de raparigas e mulheres cristãs e de outras minorias religiosas”, violência escondida da “opinião pública mundial”.

À investigadora chegam relatos de raptos de meninas que, apesar da proteção da família, são “seduzidas” e acabam “violadas”.

O comunicado destaca o caso de “um pai cuja filha desapareceu”.

“Depois de ter sido avisado que alguma coisa poderia suceder à rapariga, decidiu, por precaução, tirá-la até da escola. Cansada de estar fechada em casa, um dia, ela pediu para ir ao mercado, a poucas centenas de metros de distância, para se encontrar com algumas amigas. Nunca mais foi vista. O pai recebeu vários telefonemas dos raptores. Gravou as chamadas e foi à polícia, mas nada aconteceu. Não lhe foi dado qualquer apoio”, recorda Michele Clark, no relatório da Fundação AIS.

Quando a violência acontece, em muitas situações de agressão sexual, as vítimas ficam numa “situação particularmente vulnerável perante a família e a comunidade”.

“Se a rapariga provém de uma família conservadora, é considerada desonrosa e já não lhe é permitido regressar a casa. Ou então, a mulher é violada e forçada ao casamento e à conversão religiosa que isso implica”, sublinha.

A investigadora apela à classe política para que ajude à proteção das vítimas.

“Os políticos devem assegurar um lugar seguro para quem tenha sofrido violência religiosa. Isto também diz respeito às políticas de asilo”, explica, implicando também os meios de comunicação social para “reconhecerem e falarem de casos reais”.

“Quanto mais a política e os meios de comunicação social reconhecerem que estamos a falar de casos reais e interesses legítimos, mais estas reportagens serão levadas a sério”, pede Michele Clark.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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