Momentos de encontro

Quando foi lançado o desafio pelo meu pároco, Pe. Manuel Neiva, da Paróquia de Apúlia, para a participação num novo projecto de voluntariado missionário para jovens, na nossa Paróquia Irmã, São Tiago, Pedra Badejo, em Cabo Verde, no âmbito do Acordo de Geminação estabe-lecida entre as duas Paróquias, senti em mim o ardente desejo da partida, certamente impulsionado pela chama do Espírito que me convida diariamente à Missão. No desafio, uma voz dizia: “Deixa tudo e vai!”. “E como sou pequeno, Senhor… mas se Tu me escolhes, eis-me aqui, pronto a ser enviado, qual dócil instrumento nas Tuas mãos, ao serviço do Teu Povo!” – foi a resposta dada ao chamamento. Afinal de contas, o Espírito Santo é o protagonista da Missão! Nada devo temer. Aproxima-se o tão desejado momento da partida! E, à medida que os minutos avançam, aumenta também a já antecipada alegria do reencontro. “Deixa tudo e vai!”. Eis o espírito missionário que me anima – desprendimento total, despoja-mento de mim próprio, para um encontro transparente com o Outro, nos outros, no meu próximo. E se, em 2003, procurei ser, juntamente com meus companheiros de viagem, “Uma Semente em Cabo Verde”, este ano irei para “D’junta Mó” (Unir as mãos) com os meus irmãos de São Tiago, pois fortes são já os laços que nos unem. Num ano em que, na Diocese de Braga, somos convidados a reflectir sobre o tema “Família Solidária”, melhor não poderia ser o nome atribuído a este projecto missionário. Este é o meu testemunho, e o meu testemunho é verdadeiro: irei em Agosto encontrar-me com um povo que vive a verdadeira alegria de se ser Filho de Deus. Para mim será uma oportunidade de renovação interior. Sim… Vivo hoje numa sociedade consumista, que pauta os seus desígnios pela cultura do ter, por uma sociedade do consumo. Ter a oportunidade de estar no meio de um povo pobre materialmente, mas rico de espírito, será certamente uma experiência de encontro com o Ser. A verdadeira riqueza é aquela que brota do interior de cada um. Sei, por experiência, que pouco poderei oferecer aos meus irmãos de São Tiago, em comparação com aquilo que posso receber. Por isso, penso que esta missão será, essencialmente, presença porque acredito que o simples facto de estarmos com eles, é já uma acção missionária. Não vou com o intuito de fazer grandes obras. Não! Pequenos momentos de encontro, de partilha, de comunhão fazem o Anúncio da Palavra: somos todos filhos do mesmo Pai, e somos todos chamados a construir uma civilização fraterna, a civilização do amor. Que Deus nos ilumine nesta missão e que saibamos cumprir sempre a Sua vontade! Luciano Catarino – Paróquia de Apúlia

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