Moçambique: Catarina Martins Bettencourt alerta que se assiste a «fuga maciça de pessoas e o mundo ocidental continua sem tomar uma posição»

Diretora do secretariado português da fundação AIS explica campanha solidária com cristãos de Cabo Delgado

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 22 jul 2020 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está a dinamizar uma campanha d apoia à população e à Igreja perseguida em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde é necessária a intervenção da Comunidade Internacional para parar os grupos radicais.

“Hoje, em 2020, assistimos a esta fuga maciça de pessoas e o mundo ocidental continua sem tomar uma posição e sem por um travão no fundo a esta tomada pela força destes grupos radicais islâmicos que estão a atuar no norte de Moçambique”, disse hoje a diretora do secretariado português da AIS, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Catarina Martins Bettencourt explicou que os grupos radicais “têm feito uma tentativa de expulsar todos que pertencem a outras religiões e estão na religião de outra forma”, na Província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, “desde 2017” mas têm-se “acentuado desde o início deste ano”.

“É mais do que um ataque religioso, podemos dizer desta forma: Os muçulmanos moderados de Moçambique estão também a sofrer e a ser expulsos de suas casas, tal como a comunidade cristã”, exemplificou.

A fundação pontifícia AIS tem estado em “contacto direto” com as comunidades que no norte de Moçambique e com o bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa, para acompanhar a situação que provocou “uma deslocação de muitas pessoas”, com os números oficiais a contabilizarem “200 mil pessoas” mas “os últimos números apontam cerca de 500 mil” e estão a procurar refúgio nas cidades.

D. Luiz Fernando Lisboa adiantou também à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre que, neste momento, as congregações religiosas “também estão a passar por muitas dificuldades, devido à pandemia, e todas as ajudas que tinham já distribuíram pelas comunidades”, por isso, é preciso ajudar as pessoas que vão chegando às cidades, e vão bater à porta das congregações, da diocese.

Catarina Martins Bettencourt explica que fundação pontifícia está a enviar o valor angariado com a campanha solidária “diretamente” para bispo de Pemba que “também pediu orações”, por isso, estão a “dinamizar correntes de oração também para que este caso seja olhado pela Comunidade Internacional”.

“Nesta campanha fazemos esta analogia com o que se passou no Iraque há seis anos, em que o mundo também assistiu à fuga de milhares de pessoas da Planície do Nínive. A comunidade internacional assistiu, a comunidade cristã continua a ser perseguida, a maioria não conseguiu regressar às suas casas”, acrescenta.

A diretora do secretariado português da AIS sublinha a ausência da Comunidade Internacional – da União Europeia, das Nações Unidas – e o bispo D. Luiz Fernando Lisboa é que se tem “multiplicado em diversas entrevistas, multiplicado em diversos locais”, como a que deu esta terça-feira à Agência ECCLESIA, e o Papa Francisco também já alertou para os ataques e perseguição em Moçambique.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, numa parceria com a Agência ECCLESIA, vai mostrar a “Igreja que sofre, esta Igreja necessitada, esta Igreja perseguida, um pouco em todos os continentes”, todas as quartas-feiras do mês de agosto, no programa ‘Fé dos Homens’ na RTP 2.

“Para ficarmos com esta noção que a comunidade cristã está a sofrer muito em todo o mundo, é muito pobre em muitos países e é também perseguida. Senão tivermos conhecimento não somos impelidos a dar, doar, a ser solidários”, assinala a diretora do secretariado português da AIS.

PR/CB/OC

Moçambique: Bispo de Pemba alerta para crise humana e cenário de fome em Cabo Delgado (c/vídeo)

 

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