Moçambique: «Até quando e quantas mais pessoas precisam de morrer e fugir para que se coloque fim a estes conflitos armados?» – irmã Mónica da Rocha

Religiosa da Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima denuncia «extrema desumanidade e violência»

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 12 abr 2021 (Ecclesia) – A irmã Mónica da Rocha, missionária em Moçambique, questiona “quantas pessoas precisam morrer” para terminar o conflito que atinge o norte do país.

“Rezamos pelas populações vítimas de uma guerra silenciosa e de atrocidades de extrema desumanidade e violência”, pede a religiosa da Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, em entrevista à Fundação Ajuda a Igreja que sofre.

A irmã Mónica da Rocha, em missão há três anos em Lichinga, Moçambique, explica que aquela zona tem recebido centenas de deslocados e descreve a “intensidade da violência e do desespero das populações, que faz com que os deslocados estejam “no centro das suas preocupações”.

A religiosa fala dos “sem voz”, que são “as vítimas, os que morrem decapitados, os que, apesar de conseguirem fugir, perderam a família, os seus bens”, os que agora, “apesar das promessas não encontram ajudas nem apoios para recomeçar”.

“’Até quando?’ Até quando e quantas mais pessoas precisam de morrer e fugir para que se coloque fim a estes conflitos armados e a população possa recomeçar do zero reconstruindo o destruído?”, questiona.

Responsável pela Casa do Imaculado Coração de Maria em Lichinga, a missionária portuguesa, natural de Arouca, mostra-se desalentada e diz que sente “revolta e impotência perante esta realidade”. 

A religiosa explicou que em Lichinga existem dois campos de refugiados e na paróquia estão também a ser acolhidas algumas famílias. 

Estas famílias [acolhidas pela paróquia] não estão a receber apoio do governo e vão sobrevivendo com as ajudas da população e com a nossa ajuda. Mensalmente tentamos dar a cada família um cabaz com alimentação básica e roupa, calçado, material escolar e uniformes. As necessidades mais urgentes neste momento, para além da alimentação, são a aquisição de terrenos para cultivo e para a construção de casas”.

Além do apoio aos deslocados, as irmãs são responsáveis em Lichinga por um jardim-de-infância, pela pastoral paroquial e apoio aos mais necessitados da comunidade local, alguma suspensas em tempo de pandemia.

“Faço um apelo à solidariedade de todos vós, benfeitores e amigos da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre e a todos os que se sensibilizam por esta causa humanitária: ajudem-nos a ajudar este povo sofredor a reconstruir a sua vida”, pede.

SN

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