Missa da Ceia do Senhor, presidida por D. António Luciano, bispo de Viseu

Missa da Ceia do Senhor

Amou os seus até ao fim!

Com esta celebração memorial da Instituição da Eucaristia damos início ao Tríduo Pascal e colocamos a nossa vida no seguimento de Cristo. Jesus amou os seus até ao fim e deixou-nos o exemplo.

A grandeza da vocação cristã está em viver a vida em comunhão e entrega ao Pai, amando e servindo os irmãos à maneira de Jesus Cristo.

Em tudo “amar e servir Jesus”, gastando a nossa vida com os irmãos, conscientes de que o serviço que prestamos aos pobres e de modo especial a todos aqueles que se encontram em provação, é feito ao próprio Cristo.

Atentos aos graves problemas do nosso mundo, de modo especial a guerra, a violência, a fome e a pobreza de meios essenciais para viver com dignidade e cuidar da família, encontrem nos discípulos de Cristo, aqueles que anunciam o Evangelho da esperança e repartem o pão particularmente aos mais pobres e abandonados da sociedade.

O amor e o serviço aos pobres que a Igreja anuncia no Evangelho das Bem-Aventuranças, cumpre-se no dinamismo do serviço da caridade, expresso de modo original nas obras de misericórdia.

“Toda a nossa glória está na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”, foi o cântico de entrada da nossa celebração, para que nós cristãos sintamos a alegria de perceber, o grande amor que Deus tem ao seu povo. A  vida de Jesus foi entregue por nós ao Pai, mas primeiro passou pela experiência do despojamento e serviço aos outros, do lavar os pés aos discípulos, para durante a refeição se entregar à humanidade como alimento perene, que sacia a fome aos famintos  e mata a sede a todos os que têm falta de água .

A Liturgia da Palavra é riquíssima nesta celebração festiva. A primeira leitura do Livro do Êxodo faz alusão à memória da libertação do Povo de Israel, descrevendo a preparação e celebração da páscoa, como momento da saída e libertação da terra do Egito. Esta celebração da páscoa judaica foi igualmente  uma profecia da páscoa messiânica.

A imolação do cordeiro pascal e a libertação do povo de Israel, antecipa a ação salvífica de Cristo, que com o derramamento do seu Sangue oferece a salvação a toda a humanidade.

É durante a Última Ceia, o Banquete Pascal, que Jesus dá o sinal da sua vida entregue como dom da sua, antecipando os acontecimentos da sua paixão e morte. São Paulo na 2ª leitura apresenta o relato da Instituição da Eucaristia do seguinte modo: ”Eu recebi do Senhor  o que também vos transmiti: O Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e  dando graças, partiu e disse: “Isto é o meu corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim.” Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue”. Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, fazei-o em memória de mim”. Os discípulos repetem este gesto na Igreja celebrando a Eucaristia, “até que o Senhor venha” (1 Cor 11,26).

A Eucaristia é o pão e vinho transformado no Corpo de Cristo pela ação do Espírito Santo na transubstanciação, no momento da epiclese da Missa. Jesus faz-se alimento, dá-se como Pão Vivo descido dos Céus na comunhão Eucarística.

O gesto segundo o relato do Evangelho de São João, diz que Jesus depois de estar sentado à mesa, se levantou e depôs as suas vestes e inclinando-se sobre os seus discípulos, lava-lhes os pés, para mostrar a grandeza do amor novo, que se fez Mandamento do Senhor. Este anúncio é prefiguração da entrega e morte de Jesus na Cruz. Todo o gesto do lava-pés é sinal do grande amor de Cristo pelos seus e narra o amor de Deus pela humanidade que precisa de ser salva.

A Eucaristia, de que o lava-pés é realização existencial, é o Sacramento do ágape, do amor, do serviço realizado por Cristo, fazendo-se Servo de todos em tudo.

O gesto de Jesus que lava os pés aos seus discípulos tem valor de magistério para a Igreja: “Deixei-vos o exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também”(Jo 13,15). De Cristo Servo, passa-se à Igreja Serva. A Eucaristia torna a Igreja participante da missão de Cristo no serviço aos mais pobres e aos doentes.

A Igreja como Corpo de Cristo celebra diariamente a Eucaristia na esperança da sua vinda gloriosa. “Celebra-se a Eucaristia com o único Cristo e, portanto, com toda a Igreja, ou não se celebra de todo. Quem na Eucaristia procura apenas o seu grupo, quem nela e através dela não se insere em toda a Igreja e não ultrapassa o seu ponto de vista particular, faz exatamente o que é reprovado em Corinto“ (Cardeal Ratzinger).

Avivemos a nossa fé e devoção na presença real de Jesus Cristo na Santíssima Eucaristia.

Celebremos a Eucaristia em cada domingo e em cada dia com muito amor e fé viva.

Participemos na Eucaristia como verdadeiros convidados para o Banquete do Reino.

Vivamos em Eucaristia, em ação de graças, em festa de amor e de partilha do pão dizendo: Ó Jesus, eu vos louvo e vos amo no Santíssimo Sacramento.

Alimentemo-nos do Corpo de Cristo e damos em cada dia: “Alma de Cristo santificai-me, Corpo de Cristo salvai-me, Sangue de Cristo inebriai-me…”

Diante de Jesus Eucaristia, louvemos e rezemos cantando:

“Ó Sagrado Banquete em que se recebe Cristo e se comemora a Sua Paixão, em que a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da futura glória”.

Adoremos Jesus, o Pão vivo descido dos Céus na Santíssima Eucaristia e levemo-lo como alimento aos doentes e Viático aos moribundos.

Como São Francisco e Santa Jacinta adoremos Jesus escondido na Eucaristia por amore digamos: Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos…

Com o exemplo da Beata Alexandrina, da Beata Rita e do Beato Carlo Acutis deixemo-nos apaixonar por Jesus Eucaristia e sejamos verdadeiros apóstolos adorando-O em cada dia em espírito e verdade.

Rezemos pelos pobres e doentes, pelos sacerdotes e seminaristas, pelos ministros extraordinários da comunhão, por todo o povo de Deus e pelo aumento das vocações sacerdotais, para que através do dom ministério ordenado, a Eucaristia seja sempre celebrada com fé e guardada como o verdadeiro tesouro da Igreja. Cristo está vivo na Santíssima Eucaristia. Ámen.

Viseu, 6 de abril de 2023

+ António Luciano, Bispo de Viseu

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