Migrações: Portugal na linha da frente em matéria de integração de imigrantes

Estudo comparativo do «Migration Policy Group» coloca Portugal em segundo lugar, entre 31 países da União Europeia e da América do Norte

Lisboa, 28 abr 2011 (Ecclesia) – Portugal ocupa lugar de destaque na Europa, em matéria de políticas de integração de imigrantes, ficando apenas atrás da Suécia, segundo um estudo apresentado esta quarta-feira pela organização Migration Policy Group.

O MIPEX – III Index de Políticas de Integração de Migrantes, cuja versão portuguesa foi dada a conhecer na Fundação Calouste Gulbenkian, coloca o nosso país na linha da frente, em vertentes como a promoção da reunificação familiar entre os imigrantes, no acesso à nacionalidade, e na integração dessas comunidades no mercado de trabalho.

Para o diretor da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) no nosso país, esta abertura deve-se, em primeiro lugar, ao facto de “pela sua história, Portugal ser um país de emigrantes e a luta lá fora, pela defesa dos direitos dos emigrantes lusos, obriga o Estado, em consciência, a acolher bem os imigrantes”.

Em declarações à AGÊNCIA ECCLESIA, frei Francisco Sales não tem dúvidas em afirmar que “a nível geral, não há outro país no mundo que tenha investido tanto em políticas de acolhimento e integração”, o que manifesta também a “base humanística e cristã que os portugueses têm”.

O MIPEX trata-se de uma iniciativa levada a cabo desde 2004, com a participação do British Council e com a parceria da Fundação Calouste Gulbenkian.

Os trabalhos englobaram 31 países (os 27 Estados-membros da União Europeia e a Noruega, a Suíça, o Canadá e os Estados Unidos da América) e as diversas políticas de integração foram avaliadas através de 148 indicadores diferentes.

Verificou-se que a implementação da lei da nacionalidade, que facilitou o acesso dos trabalhadores estrangeiros à nacionalidade portuguesa, e os diversos planos e programas de integração ao nível laboral e educativo, têm contribuído para que, sobretudo, aqueles que vieram para ficar se integrem gradualmente no nosso país.

O responsável pela OCPM dá como exemplos “as comunidades vindas da Ucrânia e da China que, apesar das diferenças culturais, se foram encaixando gradualmente na sociedade portuguesa”.

Realça ainda a flexibilidade demonstrada pelo Estado que, “nesta altura de crise, tem investido na legislação para facilitar a regularização, a aquisição de títulos de residência e de cidadania portuguesa”, dando “segurança aos imigrantes para se promoverem e lutarem pelos seus direitos”.

O frei Francisco Sales espera que uma eventual mudança de orientação política, depois das próximas eleições, não mude este rumo traçado pelo país, “apesar do discurso político de direita ter uma perspetiva marcadamente diferente face aos imigrantes”.

Aponta também que, apesar do caminho positivo construído ao longo dos anos, “há ainda muito a fazer” na defesa dos direitos daqueles que vêm de fora.

“Falta por exemplo uma formação de base às pessoas que estão responsáveis pelos serviços de atendimento direto aos imigrantes, que muitas vezes desconhecem as leis e as orientações do Estado” sublinha o diretor da OCPM.

 

JCP

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top