Migrações: Portugal ainda é terra de oportunidades

Igreja Católica junta a sua voz às comunidades brasileira e chinesa para dar nota positiva à forma como é feita a integração imigrante no nosso país

Lisboa, 13 Jan (Ecclesia) – Grande parte da comunidade imigrante no nosso país continua a considerar Portugal como “uma terra de oportunidades”, mesmo num contexto de crise económica e apesar de alguns preconceitos que ainda não foram postos de lado.

“Quer a nível da sociedade civil, quer a nível estatal, quer ao nível das organizações das diversas confissões religiosas, Portugal tem feito um trabalho excelente” destaca o Frei Francisco Sales, director da Obra Católica Portuguesa para as Migrações (OCPM), numa entrevista ao Programa da Igreja Católica, na Antena 1.

Apesar de reconhecer que “ainda há um longo caminho a percorrer”, aquele responsável destaca “a evolução ao nível legislativo, com novas leis dedicadas à imigração e à nacionalidade, com toda a abertura possível”.

No âmbito do Dia Mundial do Migrante e Refugiado, marcado para o próximo Domingo, a OCPM, a Cáritas e a Agência ECCLESIA organizam, de 14 a 16 de Janeiro,  o XI encontro anual de formação para agentes socio-pastorais das migrações, este ano com o tema “primeira década de uma nova era nas migrações”.

Dos cerca de 450 mil estrangeiros a residirem em Portugal, segundo dados oficiais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a comunidade brasileira é a força imigrante mais representativa, com pelo menos 110 mil pessoas documentadas.

“As pessoas que vêm atrás de um objectivo, que têm esse objectivo bem delineado, traçado com seriedade e com vontade de vencer, de conquistar o seu espaço na sociedade portuguesa, conseguem” sublinha Ricardo Amaral Amaral Pessoa, presidente da Associaçao Brasileira de Portugal (ABP).  

A ABP, fundada em 2003, trabalha diariamente com brasileiros que chegam, permanecem e saem do território nacional, servindo de ponte de ligação para a integração no trabalho ou nos estudos, e prestando auxílio em diversas áreas, como o aconselhamento jurídico.

Ricardo Amaral Pessoa, há 20 anos no nosso país, olha para Portugal como “a porta da Europa”, onde a familiaridade da língua ajuda muito no processo de integração. Depois, a necessidade e a vontade de trabalhar fazem o resto.

Lina Wang, representante da comunidade do Oriente, fala da herança histórica do nosso país, que serve de “manual de boas práticas”, quando se trata de acolher quem vem de fora.

“Portugal, por ter ex-colónias, por exemplo, tornou mais tolerante essa integração de diversas comunidades” destaca a asiática, que trabalha no Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. 

Actualmente, são cerca de 20 mil os imigrantes chineses estabelecidos em Portugal, vindos sobretudo da China Ocidental, de Macau ou Moçambique.

Apesar dos pontos positivos, nem tudo são facilidades – a barreira da língua e uma estrutura familiar um pouco fechada ao exterior fazem da comunidade chinesa um alvo fácil de preconceito.

“Quando olham para um chinês, ou olham para uma loja ou olham para o restaurante” lamenta Lina Wang.

Ricardo Amaral Pessoa acrescenta a isto o pouco reconhecimento económico que ainda prevalece, face a quem vem de fora.

“Hoje o imigrante trabalha sabendo que está a receber menos do que um cidadão daquela terra”, aponta o representante da comunidade brasileira em Portugal.

As alegrias e dificuldades da comunidade imigrante no nosso país, o seu processo de integração e a forma como se relaciona com a sociedade vão estar em destaque no Programa da Igreja Católica da Antena 1 no Domingo, dia 16 de Janeiro, a partir das 06h00, disponível, posteriormente, em podcast.

PRE/JCP

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