Mensagem de Natal 2018 do Arcebispo Primaz de Braga

Tecer comunidades com amor

Foto de Ana Pinheiro /Arquidiocese de Braga

O nascimento de Jesus é um evento de uma singularidade extraordinária. E é tanto mais importante quanto mais capaz for de incarnar o Evangelho no quotidiano das pessoas e das estruturas que compõem a sociedade.

São muitos os valores que nascem da gruta de Belém. Este ano ouço, sobretudo, um apelo a vivermos a responsabilidade da nossa história pessoal mas também que acreditemos que somos ou devemos ser comunidade. Cristo quer unir os povos e as culturas, não de um modo teórico ou abstrato mas mostrando que é possível viver em concórdia, paz e harmonia com todos. Vivemos, infelizmente, num mundo dividido entre ideologias e partidos, facções e grupos de interesse. Crescemos quotidianamente na indiferença, fechando-nos nos nossos assuntos e questões, alheados às necessidades dos outros. O bem estar do ser humano exige, por isso, um rumo diferente que se plasme em acções concretas.

As comunidades cristãs podem ser, assim o creio, catalisadoras de um futuro diferente. Na Arquidiocese de Braga queremos, este ano, tecer comunidades acolhedoras e missionárias. Estas serão um sinal de fraternidade e espírito de solidariedade. Porém, para tecer não basta um fio de uma única cor. Precisa-se da diversidade que enriquece e embeleza a vida. E, ao mesmo tempo, os artesãos deste tecido maravilhoso são todos e cada um. Ninguém é estranho nem excluído e cada um tem amor para oferecer e sem ele o colorido nunca será completo.

Quero, nesta Quadra de Natal, solicitar a todos os cristãos que saiam do seu conforto e construam comunidades acolhedoras. São muitos os que se sentem sós e marginalizados. A pobreza tem cada vez mais rostos novos. Preocupa-me a solidão e o isolamento de muitos. Que se abram as portas das comunidades, que todos entrem e encontrem a alegria de serem o que são sem preconceitos nem juízos. Para resolver determinados problemas nem sempre são necessárias grandes coisas. Bastam pequenos gestos, atitudes e comportamentos que todos podem oferecer. Natal é este desafio para revelar situações de marginalidade, espiritual, material e psíquica nas comunidades cristãs. Não basta elencar as situações. Urge oferecer tempo, dedicação, carinho e palavras amigas. Pequenos gestos que podem mudar o rosto das comunidades, tornando-as acolhedoras e inclusivas. Nem sempre é preciso muito. As respostas estão nas mãos dos corações disponíveis. Por causa e em nome de Deus Menino, não poderemos ser mais criativos e espontâneos na vivência do amor no seio das nossas comunidades?

Desejo a todos os cristãos, comunidades, pessoas e instituições um Santo Natal na presença do Menino Jesus.

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

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