Mensagem da Quaresma do Administrador Apostólico de Bragança-Miranda

QUARESMA RUMO À PÁSCOA 2022

Irmãs e Irmãos Diocesanos de Bragança-Miranda,

Esta Quaresma de 2022, é tempo de Advento para a Diocese de Bragança-Miranda, pois nos preparamos, como Igreja, para acolher um Pastor. Evocando a imagem agrícola que Jesus muito preza, como que nos encontramos em processo de preparação da terra, para a sementeira. Neste recanto transmontano, em que predomina a atividade agrícola, a gente que tira da terra o sustento “com o suor do rosto”, sabe bem o que significa a sementeira e a colheita; sabe que muito depende de si; mas sabe, também, que uma grande parte do êxito da safra acontece no silêncio, na paciente espera, nas condições propícias e sobretudo na graça do Senhor.

Num apelo à vivência quaresmal em toda a diocese, fazemos eco da mensagem do Papa Francisco para esta Quaresma que agora iniciamos. Quem tiver acesso à mensagem, nela encontrará o sustento para uma profunda reflexão sobre a sementeira e a colheita dos frutos.

Quaresma, tempo de sementeira e colheita.

O Papa Francisco evoca a fecunda imagem da sementeira, partindo da passagem de S. Paulo aos Gálatas: «Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos» (Gal 6, 9-10a). O objetivo é ajudar-nos a entender “a Quaresma como um tempo “kairós” que nos convida à conversão, a mudar mentalidade, de tal modo que a vida encontre a sua verdade e beleza, menos no possuir do que no doar, menos no acumular do que no semear o bem e partilhá-lo.”

O primeiro agricultor é Deus “que generosamente continua a espalhar sementes de bem na humanidade.” Todos somos convidados a ser cooperadores de Deus nesta sementeira de magnanimidade; os nossos gestos de bondade, por mais insignificantes que sejam, fazem difundir pelo mundo o “perfume de Cristo” (cf. 2 Cor 2, 15). A colheita do que agora semeamos situa-se muito para lá do tempo: “que será o nosso «tesouro no céu» e, desde já, nos impele a um compromisso de transformar o mundo, a partir de nós próprios.”

A imagem do grão de trigo é um ícone que nos transporta até ao mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo que o Papa também evoca, convidando-nos a entrar nesta dinâmica do dom de nós mesmos.

Não nos cansemos de fazer o bem.

O Papa Francisco pede-nos para “resistir” à tentação de nos fecharmos num egoísmo individualista e, à vista dos sofrimentos alheios, refugiar-nos na indiferença; encoraja-nos a enfrentar o cansaço da desilusão, da limitação, dos obstáculos, animando-nos com a certeza de que “Deus dá forças ao cansado e enche de vigor o fraco” (Is 40, 29.31).

O segredo para sairmos vencedores nesta luta contra o cansaço situa-se na comunhão com Deus. Por conseguinte “não nos cansemos de rezar; não nos cansemos de extirpar o mal na nossa vida; não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca se cansa de perdoar; não nos cansemos de combater a concupiscência; não nos cansemos de fazer o bem, através duma operosa caridade para com o próximo, diz o Papa.”

A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido.

Por fim, o Papa Francisco deixa-nos um apelo à esperança e à perseverança. Peçamos, então a Deus e Senhor da história do mundo, a “constância paciente do agricultor”, para não desistir na prática do bem.

Neste tempo de conversão, “o jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o.”

Destino das nossas ofertas nesta Quaresma (Renúncia Quaresmal).

Numa hora em que o mundo centra a sua atenção no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, somos convidados a uma incansável oração de intercessão pela paz, lembrando-nos de que, por intermédio de Jesus, Deus quis “reconciliar consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue vertido na cruz”.

Uma guerra é sempre a soma dos nossos conflitos. Por isso, não nos cansemos de permanecer na paz com aqueles que estão ao nosso lado e de rezar pela paz mundial. Fazendo o bem, semeamos a Paz; acorrendo às necessidades, semeamos a Paz e construímos a solidariedade.

Após sondagem aos Delegados para o Clero e para a Pastoral, aos agentes pastorais, e Conselho Económico Diocesano, determinamos que a Renúncia Quaresmal de todos os diocesanos, nesta Quaresma de 2022, seja destinada, em partes iguais:

  1. À Cáritas da Ucrânia;

São evidentes as necessidades e pedidos de ajuda.

  1. À Casa Pastoral (segunda fase).

A primeira fase importou em 677.480,33€, e já foi liquidada. A segunda, aguarda a generosidade de todos os diocesanos.

Não nos cansemos de fazer o bem através de uma operosa caridade. Todo o bem que agora fizermos, lá o encontraremos!

Invocamos a proteção da Virgem Santa Maria, em cujo ventre germinou o Salvador e príncipe da Paz, para que este tempo de conversão, de maior comunhão, oração, partilha e solidariedade, dê abundantes frutos de salvação eterna, já evidentes no tempo presente.

(recomenda-se a leitura desta mensagem quaresmal em todas as igrejas).

Bragança, 28 de fevereiro de 2022.

O Administrador Diocesano de Bragança-Miranda.

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