«Memórias que contam»: «Devemos muito às irmãs que viveram as décadas de 70 e 80 em Portugal» – irmã Maria José Oliveira

Irmã Calvário e Irmã Maria dos Prazeres, Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, faleceram em janeiro e deixam marca de «disponibilidade no serviço»

Bragança, 18 fev 2021 (Ecclesia) – A congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado perdeu em janeiro duas religiosas, vítimas de Covid-19, que marcaram uma geração de irmãs nos pós-25 de abril de 1974 e implementação do Concílio Vaticano II.

“Olho para esta geração que povoou os anos 70 e 80 e sei que foram tempos muito difíceis, não só na nossa congregação mas a nível eclesial, e na sociedade: estávamos a atravessar um pós-ditadura, com um país a organizar-se social, politica e economicamente”, explica à Agência ECCLESIA a irmã Maria José Oliveira, que privou com as irmãs Calvário e Maria dos Prazeres, na vida comunitária da congregação religiosa.

“Também a nível eclesial estávamos a implementar o Concilio Vaticano II, com a carga de renovação e exigência. É uma geração de irmãs que estão hoje nos 80 e 90 anos que nos deixaram uma herança de paz social e prosperidade. Também esse testemunho passou por elas, como elementos consolidadores e construtores da congregação”, acrescentou.

A irmã Calvário, falecida a 25 de janeiro, viveu uma vida “mais dedicada ao serviço na cozinha”, mas também na ação pastoral nas paróquias onde a congregação estava inserida; a irmã Maria dos Prazeres formada em enfermagem, “tinha a minúcia nas mãos, que reconhecemos nos enfermeiros”.

Dois percursos “distintos” mas ambos marcados pela “disponibilidade no serviço”.

“A irmã Calvário era uma irmã muito afável, humilde e generosa na forma como procurava servir as pessoas e atender às suas necessidades. A quase totalidade da sua vida consagrada, foi na catequese”, explicita a religiosa.

Sobre a irmã Maria dos Prazeres, a irmã Maria José Oliveira destaca o “ser uma senhora”.

“Era muito delicada no trato e com um diálogo agradável. Uma senhora com uma cultura adquirida à sua custa. Tinha uma autoformação contínua”, valoriza.

Da irmã Maria dos Prazeres, a religiosa guarda a memória de uma forte intervenção na paróquia de Vinhais, onde esteve durante vários anos, também de serviço no Hospital da cidade, numa “função a tempo inteiro, 100% dedicada aos doentes”.

A irmã Maria José Oliveira apresenta a vida comunitária numa congregação religiosa como uma “educação pessoal que faz crescer”.

“Completamo-nos umas às outras. O segredo está na vida de oração, é a raiz onde bebemos a nossa força e energia para o serviço que exteriorizamos”, explica, acrescentando ter sido esse testemunho que recolheu das irmãs que faleceram.

As ‘Memórias que Contam’ são a nova proposta das conversas online que a Agência ECCLESIA tem vindo a promover, desde o primeiro confinamento, e vão estender-se ao longo da Quaresma, para evocar pessoas ligadas à Igreja Católica que faleceram por causa da Covid-19.

LS

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