Meios de Comunicação Social – Um nome em primeira mão

“Entre os maravilhosos eventos da técnica… que o engenho humano extraiu, com a ajuda de Deus, das coisas criadas, a santa Igreja acolhe e fomenta aqueles que dizem respeito principalmente ao espírito humano…Entre estes instrumentos salientam-se aqueles que, por sua natureza, não só podem chegar a cada um dos homens, mas também às multidões e a toda a sociedade humana, como a Imprensa, o Cinema, a Rádio e Televisão e outros que, por si mesmos, podem chamar-se, com toda a razão, Meios de Comunicação Social”.(Inter Mirifica) Assim, o Concílio Vaticano II baptizou estes instrumentos de comunicação, que não são carros nem comboios, mas Meios de Comunicação Social. Pouca gente, mesmo do mundo laico, saberá que esta expressão foi usada pela primeira vez pelos padres Conciliares e inserida no documento assinado por Paulo VI a 4 de Dezembro de 1964. Pelo título – Inter Mirifica – o Concílio considera os Media (palavra latina) como algo de maravilhoso, porque transportadores de elementos do espírito para todo o género humano. Tudo isto foi dito cinco anos antes de o homem chegar à Lua, quando os Media, apesar da maravilha que já constituíam, serem quase incipientes em comparação com o que hoje se tem como adquirido em matéria de comunicação escrita, sonora ou visual, com todo o arsenal de produção, perfeição e instantaneidade. A informática era instrumento privado de gabinetes militares e o digital – supersónico da comunicação e de dados – era ainda uma criança. O Documento Conciliar a que nos referimos pretendia, antes de mais, chamar a atenção para um mundo que estava a nascer de toda a evolução tecnológica na área da comunicação, centrando sempre o essencial no ser humano para além da técnica, reconhecendo que os meios têm um envolvimento gigantesco na vida dos homens. Pressentindo a avalanche deste evoluir, o Concílio propõe a “preparação de uma Instrução Pastoral… com a ajuda de peritos de diferentes nações”. Acentua, todavia, alguns pontos que já faziam parte do património da Igreja nesta matéria, sobretudo em imprensa, cinema e rádio. Citando em síntese: meios aptos para a evangelização; empenhamento dos leigos em incutir-lhe um sentido cristão; consideração de todos os elementos que neles entram em jogo; respeito pelo direito à informação; uso honesto e conveniente; afirmação dos direitos da arte e da moral; consciência da realidade; formação da opinião pública; deveres dos destinatários da comunicação; moderação e disciplina no uso; o dever moral de jornalistas, escritores, actores, produtores, realizadores, exibidores, distribuidores, directores e vendedores; críticos e todos os que intervêm na difusão… Inter Mirifica – um documento de referência que gerou, com a Communio et Progressio, um novo olhar e um verdadeiro movimento da Igreja sobre os Media. Foi também este documento que estabeleceu e ordenou a constituição dos Secretariados Nacionais das Comunicações Sociais. Pe. António Rego – director do SNCSI

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