Media: Morte de Pierre Babin retirou à Igreja uma «referência» na arte de comunicar o Evangelho, diz cónego António Rego

Antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais realça que o investigador ensinava a «transmitir o transcendente»

Fátima, Santarém, 11 mai 2012 (Ecclesia) – O cónego António Rego, antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, disse hoje que a morte do investigador Pierre Babin, esta quarta-feira, representa a perda de uma “referência” da Igreja Católica na arte de comunicar.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o jornalista recorda uma figura “visionária” com quem aprendeu a usar a linguagem televisiva de uma forma “sintética e simbólica” e a transmitir ao público “o transcendente de cada situação, sem nunca negar o conteúdo”.

Nascido em 1925, na localidade francesa de Paray-Le-Monial, o padre Babin foi membro da Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada e especializou-se na formação para os media, principalmente ao serviço das instituições religiosas.

Foi nessa condição que o teólogo, escritor e perito em psicologia da educação fundou, em 1971, o Centro de Pesquisa e Educação para a Comunicação (CREC), instituição sediada em Lyon e que ajudou a formar “inúmeras gerações” de comunicadores, realça o cónego António Rego.

Mais do que um “mestre”, Babin “foi uma referência para a Igreja”, na arte de “anunciar o Evangelho na cultura contemporânea”, e precursor de uma técnica onde “a emoção se cruzava com a razão”, salienta o cónego António Rego, que há mais de 40 anos é presença ativa no universo audiovisual católico.

De Pierre Babin, o sacerdote açoriano destaca ainda uma forma “universal” de encarar o mundo e o “grande amor por Lisboa”, que lhe servia de inspiração.

No seu último encontro com o investigador, há pouco mais de um ano, o padre Rego viu um homem “já com bastante idade, mas cheio de força, a escrever voltado para o mar”, na praia de Carcavelos.

Entre os muitos livros e artigos que publicou, sob a influência de figuras como Joseph Columb ou Marshall McLuhan, destaca-se a obra “A Era da Comunicação”, datada de 1985, onde o autor francês combina a comunicação dos media com a vocação religiosa.

Mais do que a transmissão de uma mensagem, a linguagem audiovisual era para Pierre Babin “um meio de apresentar ao público diferentes realidades e culturas”.

Grande defensor dos media de grupo, o sacerdote acompanhou de perto estruturas como a OCIC – Organização Católica Internacional do Cinema, e a UNDA – Organização Católica Internacional da Televisão e Rádio, que em 2001 deram lugar à SIGNIS – Associação Internacional Católica para a Comunicação.

O reconhecimento internacional de que foi alvo atingiu o ponto alto em 2011, quando o diretor do CREC recebeu o Prémio McLuhan, em honra do seu contributo para o desenvolvimento da comunicação religiosa.

JCP

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