Media: Jornalistas destacam importância de continuar a apostar no papel (c/vídeo)

Tema em destaque no debate sobre Imprensa Regional, durante Jornadas Nacionais de Comunicação Social

Lisboa, 30 set 2020 (Ecclesia) – O diretor do semanário ‘Região de Leiria’ e o presidente da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) defenderam que a Imprensa Regional deve continuar a apostar no papel e não migrar totalmente para os meios digitais.

“É muito curioso, a força, a credibilidade, que aparece num jornal tem um peso muito grande. Pode haver tendências, pode haver alguns projetos que de uma presença diária passam a semanário em papel, títulos que de uma presença semanal passam a quinzenal ou mensal. Não há uma receita única”, disse Francisco Santos, diretor do semanário «Região de Leiria», nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social 2020, que decorreram entre 24 e 25 de s3etembro.

No encontro de reflexão e debate organizado pela Igreja Católica em Portugal, o jornalista recordou que “quando rebentaram” os “escândalos do Facebook” – pelo uso ilegal de informação confidencial de pelo menos 50 milhões de utilizadores  recolhidos pela Cambridge Analytica para influenciar a opiniões políticas- o fundador desta rede social – Mark Zuckerberg – “quis ser levado a sério” e “não teve dúvidas” ao recorrer à imprensa escrita onde “publicou anúncios de página inteira nos grandes jornais internacionais”, em março de 2018.

“A credibilidade é uma coisa que tem outro sabor, que tem outros pilares quando são em letra de forma na imprensa”, destacou Francisco Santos.

Por sua vez, o presidente da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) observou que “não há dúvida” que, cada vez mais, com o “advento das novas tecnologias da comunicação” tem-se vindo a assistir a “uma queda abrupta das tiragens e das assinaturas” do produto em papel porque “as pessoas migram para o telemóvel, para o tablet”.

“Aqui a questão que se coloca é: Vamos apostar tudo no digital? A questão é a sustentabilidade e se tivermos a opção de migrarmos para o digital acabamos por morrer na praia”, observou Paulo Ribeiro.

O também jornalista e chefe de redação dos jornais ‘Alvorada’ (Lourinhã) e’ A Voz do Mar’ (Peniche) explicou que “o digital ainda não rende, ainda não tem proveito económico para sustentar o produto jornalístico com qualidade”, e ainda é o meio tradicional que, “apesar das enormes dificuldades ano após ano, continua a sustentar a empresa jornalística”.

“O abandono total do papel que eu não recomendaria, nem que seja publicação mensal pode fazer toda a diferença”, acrescentou Francisco Santos, que é também presidente da cooperativa editorial caldense (Gazeta das Caldas) e membro da direção da Associação Portuguesa de Imprensa.

O diretor do semanário ‘Região de Leiria’ realçou que “mais do que nunca” o papel da Imprensa Regional é “insubstituível na garantia de um Estado de direito, na defesa dos Direitos do Homem”, como garante da democracia e “na luta contra a pandemia do populismo, das notícias falsas, no avanço da propaganda em desfavor da informação”.

O presidente da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) destacou também sobre “um olhar desconfiado” com que este jornalismo é muitas vezes olhado na sociedade que têm de “ser confiantes na mensagem” que estão a transmitir.

“É essa confiança, esse à-vontade que temos, que muitas vezes causa desconforto noutros sectores da sociedade e causa desconforto também por causa do preconceito que têm relativamente à questão da Igreja e esquecem-se do papel que a Igreja tem na sociedade e verificam que acabamos por ser, além de imparciais, não estamos a perguntar o credo de cada um quando vamos fazer uma notícia, e isso é um desconforto para alguns”, desenvolveu.

Os dois responsáveis destacaram também, por exemplo, a importância da colaboração entre a imprensa regional e o associativismo e a ligação às comunidades na diáspora nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social 2020, organizadas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) da Conferência Episcopal Portuguesa, com o tema ‘Mais do que ligados’.

No encontro foi entregue o Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão à reportagem sobre o ‘adeus dos monges da Cartuxa’, do jornal do Expresso, e foi também atribuído a título honorífico aos jornais centenários Notícias da Covilhã e Jornal da Beira.

CB/OC

 

 

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