Media/Covid-19: «Zapping» chegou à participação nas Missas (c/vídeo)

Assessoria, Informação, Imprensa Regional, Pastoral Digital, Liturgia Online e Geração Z foram as temáticas em reflexão durante Jornadas Nacionais da Comunicação Social

Lisboa, 25 set 2020 (Ecclesia) – As Jornadas Nacionais da Comunicação Social debateram hoje, online, a pastoral no digital, seja a presença nas redes sociais, a descodificação de linguagem e as transmisssões das Eucaristias, onde “chegou já o zapping”.

“As transmissões online das Eucaristias são um instrumento extraordinário para este tempo mas deve ser entendido como provisório e não habitual, porque a celebração da Eucaristia é comunitária, requer a participação pessoal e a identidade da Igreja onde a assembleia participa e não assiste somente”, defendeu o padre Tiago Freitas, da Arquidiocese de Braga. 

O sacerdote foi orador no grupo de trabalho “Liturgia online” onde deu a conhecer as “56 transmissões” que a arquidiocese fez mas que, com a “reabertura das Igrejas encerraram” bem como destacou a “estabilidade” da equipa de comunicação que tudo tornou mais fácil no tempo novo que se vive, na forma de se fazer bem e “na atenção ao pormenor”.

No grupo surgiu a questão da “identificação do seu pastor ou bispo”, aquando da transmissão online, dando um certo “toque e maior vínculo à comunidade”, sendo uma preocupação a tendência do “zapping que chegou às transmissões online”. 

Já no grupo da Informação apontou-se a necessidade dos jornalistas  “trazerem memória” e “interpretação dos factos” à sociedade, mas que ao nível da informação religiosa há que ter cuidados de “nivelação da linguagem”. 

“Exige-se uma “nivelação da linguagem”, procurando explicações mais simples para um léxico mais hermético, com tradução mediática e respeito por critérios de rigor”, referiu o jornalista Octávio Carmo.

O vaticanista, orador deste grupo, destaca o desafio enorme da tradução mediática e “respeito por critérios de rigor” mas também defende que a informação deve levar à profundidade, enquanto “força que transforma”.

“A temática religiosa “vende”, do ponto de vista mediático, existe curiosidade, mas é “preciso ser criativo”, sublinha.

O diretor do Gabinete de Comunicação da diocese do Algarve, o padre Miguel Neto, dirigiu o grupo de trabalho sobre Assessoria e defende a importância e destaque deste organismo. 

“O gabinete de comunicação é o rosto da Igreja e da comunidade cristã, o assessor é o primeiro rosto, e neste momento a criação de conteúdos é muito mais importante que a comunicação institucional porque chega mais perto das pessoas”, apontoua.

O sacerdote sublinhou também que o “assessor tem de ter íntima ligação com o responsável” e “o planeamento a longo prazo” são pontos chaves para a assessoria.

“Como tópico difícil de concretizar mas essencial é ter um planeamento a longo prazo, não é a criação de programas pastorais, mas como podemos comunicar as ideias-chave da Igreja tornando-as acessíveis e cativantes para o público em geral”, afirma.

A Imprensa Regional foi o foco de outro grupo de trabalho, referindo que “a passagem do papel, formato ameaçado”, para o digital ainda não aconteceu por falta de rentabilidade. 

“Destacar a credibilidade que a imprensa regional continua a oferecer, nomeadamente de inspiração cristã, e que foi reforçada a leitura durante o tempo de pandemia, sendo porto seguro de informação que mais nenhum outro órgão de informação estava a disponibilizar o que traz um marco de oportunidades para novos assinantes”, referiu Paulo Ribeiro.

O presidente da Associação de Inspiração Cristã (AIC) apontou ainda a confiança que há na imprensa regional sendo a “única voz” de muitos concelhos e o trabalho de proximidade, nos meios mais pequenos e também na ligação à diáspora, “uma ponte saudável no tempo de confinamento”. 

Miguel Mendes, da equipa de comunicação da Fundação dos Salesianos, foi orador do grupo de Pastoral Digital destacando o esforço de “adaptação das atividades ao digital”, em tempo de confinamento, seja de celebrações, aulas, atividades extracurriculares e grupos de oração em família. 

“O dilema agora é o que fazer no futuro… o digital veio trazer novidades mas também dificuldades e de que forma se pode manter.”, partilhou.

O grupo partilhou ainda “dificuldades de adaptação da linguagem nas redes sociais”, onde o digital trouxe o desafio de não ser só espaço “para debitar conteúdos para a internet”, mas “ajudar a construir comunidade”.

“Não vale a pena ter uma visão negativa da internet, somos impelidos a estar presentes, ver o digital como um meio para chegar a um fim, o encontro das comunidades, deve haver complementaridade entre os dois mundos”, precisou o orador.

O grupo definiu ainda que deve haver um “investimento” nesta área da comunicação, “seja no tempo, na qualidade do que se produz e nos recursos humanos” para deixar de ser “parente pobre” mas uma “aposta séria”. 

No grupo da Geração Z, Clara Keel Pereira, Voluntária na Equipa de Comunicação JMJ Lisboa 2023 assumiu que a “juventude não vive alienada”, agarra tantas causas por “estar à procura de alguma coisa”. 

“A Igreja tem de poder estar onde esta geração está, transmitir a alegria e poder dar a Boa Nova, estar lá é lançar sementes”, concretiza.

A jovem partilhou que a presença da Igreja no digital tem de ser feita “com qualidade, regularidade e tempo” e chamou a atenção para a linguagem institucional, “muitas vezes usada”, e que “chega pouco aos jovens”.

É necessário pegar nas histórias, dar a cara, os jovens querem ver pessoas como eles, um ponto importante que está a faltar, surgiram os influencers que lhes mostram o que vestem, falam e veem e valerá a pena apostar nisto”.

Clara Keel Pereira disse ser necessário  não só falar com os jovens mas “trazê-los para a discussão, ouvir as suas dúvidas e o que os preocupa”.

SN

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