Maria, Mãe de Cristo, Fonte de esperança das famílias

Homilia do Arcebispo de Évora na Peregrinação Diocesana a Fátima 1. Neste dia 1 de Maio de 2006, viemos, uma vez mais, em peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Somos muitos, viemos de muitas partes do país. Pertencemos a diferentes dioceses, movimentos e institutos religiosos. E até a vários países. Vemos aqui milhares de acólitos provenientes de muitas dioceses, que, com as suas túnicas brancas, dão uma especial nota de beleza a este local. Permiti que realce também a presença de milhares de peregrinos da Arquidiocese de Évora. Vieram, integrando a peregrinação das famílias. Hoje é um dia especial de grande significado. É o início do mês de Maio, mês dedicado pelo povo cristão à Virgem Maria, Mãe de Cristo. Mês escolhido por Nossa Senhora para descer a este local bendito, a fim de entregar aos três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, uma mensagem de paz, de salvação e de amor para o mundo. Estávamos no dia 13 de Maio de 1917. Outro aspecto a assinalar: o dia 1 de Maio é o dia de S. José Operário. 2. O texto do Evangelho de S. Mateus que acaba de ser proclamado refere-se às reacções que a pregação de Jesus provocava nos habitantes da sua terra Natal: Nazaré. Os seus conterrâneos conheciam-n’O bem. Conviveram durante quase trinta anos. Agora vêem-n’O falar como um profeta, com grande sabedoria. Vêem-n’O realizar milagres. Mas falta-lhes a humildade e a fé para O aceitarem. Em vez de O reconhecerem como Enviado de Deus, como o Messias, escandalizam-se e comentam com desprezo: “De onde lhe vem esta sabedoria e o poder de fazer milagres? Não é Ele o Filho do Carpinteiro? Não se chama a sua Mãe, Maria? (Mt.13,54-55) Jesus, assim pensavam eles, não pode ser o Filho de Deus, porque O conhecem bem. A sua família é dali. 3. A liturgia, escolheu para a festa de S. José Operário esta passagem do Evangelho, porque ela chama a Jesus “o filho do carpinteiro”. José, o pai legal de Jesus, era na verdade, um carpinteiro. Era um homem justo, um israelita piedoso, um modelo de dignidade e de bondade. Esposo de Maria, recebeu de Deus a sublime missão de constituir a Família onde devia nascer, pelo poder do Espírito Santo, o Filho de Deus, o nosso Salvador. A Sagrada Família de Nazaré é a família exemplar, onde todas as famílias da Terra devem colocar os seus olhos e o seu coração, não só para a imitar nas suas virtudes, mas também para a ela recorrer no meio das suas dificuldades, sofrimentos e projectos. Em primeiro lugar, a Família de Nazaré vive na presença de Deus. A oração ocupa nela um posto central. Tudo, naquela casa humilde gira à volta de Deus. Depois, é uma família onde reina o amor, a compreensão, a harmonia. A vida simples do dia a dia, feita de trabalho, de inter-ajuda, de diálogo, enche de paz os seus membros. Foi neste clima familiar que o Filho de Deus viveu, cresceu e se fez homem. 4. A família, que é a comunidade humana fundamental, saiu do coração do Criador. Ao criar a pessoa humana, como ser supremo na escala da criação, Deus conforme se lê no livro do Génesis, “criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” (Gen. 1, 27-28). A família tem assim a sua origem, o seu princípio, no acto criador de Deus. Não nasceu da vontade de qualquer homem, de qualquer civilização ou cultura. Radica na própria natureza humana. Demos graças ao Senhor pelo dom da família, pelo dom das nossas famílias, onde nós despontámos para a vida, onde crescemos, inserindo-nos na sociedade, na sua cultura, nos seus valores, onde nos foi transmitido o dom inefável da fé. Peçamos ao Senhor que proteja as famílias e as defenda dos fortes ataques de que está a ser vítima, promovidos pelas forças e ideologias duma civilização decadente que está a tentar destruí-la através de fenómenos gravíssimos como o divórcio ou o aborto. Tendo em conta que esta peregrinação da Arquidiocese de Évora pretende ser uma peregrinação das famílias, coloquemos nas mãos e no Coração de Maria as nossas preces, para que na Igreja se intensifique uma sólida pastoral familiar. Uma pastoral que prepare os jovens que vão constituir matrimónio que ajude os casais novos e que atenda, de modo especial, com grande solicitude as famílias que passam por grandes dificuldades quer no plano económico, quer no plano da saúde, quer devido às crises morais ou psicológicas. Que a Sagrada Família de Nazaré interceda pelas nossas famílias e por todas as famílias da Terra. 5. Antes de terminar, quero dirigir uma palavra aos numerosos acólitos que embelezam este recinto com a sua presença. Queridos acólitos, eu vos saúdo com profunda amizade. E vos felicito por este magnífico trabalho, que desde pequeninos, realizais na Igreja. Sei que sentis grande alegria por servirdes ao altar, por poderdes ajudar durante a celebração da Eucaristia. Eu também senti essa alegria, quando, em criança, como vós, fui acólito. A grande missão que vos está confiada realiza-se junto do próprio Jesus que se faz presente no Sacrifício da Eucaristia. Procurai preparar-vos bem para essa missão, não só quanto às tarefas que deveis executar, mas sobretudo no vosso coração, na vossa consciência. E queira Deus que no coração de alguns de vós germine, um dia, a semente da vocação sacerdotal, como sucedeu a muitos sacerdotes que, quando eram acólitos, sentiram o desejo de ser padre. Caros peregrinos Que nesta manhã de Maio, neste local sagrado de Fátima, Nossa Senhora nos alcance a graça de encontrarmos na fé em Cristo a nossa força nas dificuldades e sofrimentos, a nossa alegria e a nossa esperança. Santuário de Fátima, 1 de Maio de 2006 + Maurílio de Gouveia, Arcebispo de Évora

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