Maria Clara: Bispos elogiam ação «criativa e fecunda» da nova beata

Conferência Episcopal Portuguesa considera que o exemplo de fé e caridade da religiosa pode ser «grande incentivo e apoio» para a sociedade atual

Fátima, Santarém, 05 mai 2011 (Ecclesia) – Os bispos portugueses manifestaram hoje a sua satisfação pela beatificação de Maria Clara, recordando uma mulher que mesmo na adversidade foi “rosto de ternura e misericórdia de Deus” para todos os que a rodeavam.

“Na segunda metade do século XIX, apesar das grandes dificuldades que o Catolicismo português enfrentava, a Irmã Maria Clara soube manifestá-lo do modo mais criativo e fecundo, com ardente amor a Jesus e generoso serviço dos pobres” realçou a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) num comunicado de imprensa divulgado esta tarde, no Santuário de Fátima.

Nascida a 25 de junho de 1843, no concelho da Amadora, Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque, a Irmã Maria Clara, fundou a sua primeira comunidade hospitaleira em S. Patrício – Lisboa, no dia 3 de maio de 1871.

Cinco anos depois, a 27 de março de 1876, a nova Congregação obteve o reconhecimento oficial da Santa Sé.

Com um carisma que se concretizava sobretudo através da evangelização e generosidade em prol dos mais desfavorecidos, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição assumiram-se desde início como um importante pólo de ação social da Igreja Católica.

O crescimento da Congregação nos primeiros 30 anos de existência foi “constante e extraordinário”, passaram de três para 468 religiosas professas, trabalhando em hospitais, colégios, asilos de inválidos e de infância, nas cozinhas económicas.

Estenderam a sua ação até ao Ultramar, prestando serviço em instituições de saúde na Guiné-Bissau, Goa, Angola, Cabo Verde.

Assim, “iluminaram o espírito de crianças e jovens a abrir para as grandes opções da vida” e “aconchegaram a existência de doentes e idosos, tantas vezes fragilizada por circunstâncias adversas” realçam os bispos.

Nem mesmo o poder liberal, que marcou o início de uma época de perseguição à Igreja Católica em Portugal, conseguiu desviar a Irmã Clara do “amor ardente a Jesus e generoso serviço aos pobres”, atitude que manteve até à morte.

“Face às dificuldades acrescidas de tantos concidadãos nossos, quanto à sobrevivência condigna e ao sentido profundo da vida, o exemplo e a intercessão da nova Beata ser-nos-ão de grande incentivo e apoio, na mesma senda da caridade verdadeira” conclui a CEP.

A «Mãe Clara» morreu em Lisboa, no dia 1 de dezembro de 1899 e o processo de beatificação teve início em 1995.

Trata-se de um rito que antecede a canonização (declaração de santidade), através do qual a Igreja Católica propõe uma pessoa como modelo de vida e intercessor junto de Deus, ao mesmo tempo que autoriza o seu culto público, normalmente em âmbito restrito (diocese ou família religiosa).

Depois do processo ter sido aprovado pelo Vaticano, a Irmã Maria Clara vai ser beatificada no dia 21 de maio, às 11 horas, no estádio do Restelo.

A cerimónia de beatificação será presidida por D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa e recém-eleito presidente da CEP, cabendo ao cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, proclamar oficialmente a nova beata.

Para o mesmo dia, está prevista uma visita livre ao túmulo de Maria Clara, a partir das 15 horas, em Linda-a-Pastora.

JCP

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