Margarida Vaz Pinto descobriu a vocação religiosa depois da JMJ Madrid 2011 e hoje sonha uma Igreja «menos de iguais» – Emissão 24-11-2022

Margarida Vaz Pinto cresceu numa família tradicional católica, com o cuidado pelos outros e o acolhimento muito marcados na sua vida, deixando perguntas em aberto sobre a sua vocação profissional. Participar na JMJ Madrid 2011 confrontou-as com palavras do Papa Bento XVI que a inquietaram e não a largaram mais em Portugal. «Sonhava ser mãe de muitos» e esse sonho não era compatível com a vida religiosa. Estudar Teologia, em Paris, conduziu-a à desconstrução da tradição cristã em que tinha crescido mas fê-la apropriar-se do sonho de «abrir horizontes» na Igreja em Portugal e trabalhar por comunidades «menos iguais», onde a «diferença tem pouco lugar». Hoje, na comunidade da Fonte da Prata, é mãe de muitos, procurando que todas as crianças e jovens se sintam amados, valorizados e com perspetivas de futuro, porque afinal, «Deus parte dos nossos sonhos e do que somos» para sermos felizes.

«As jornadas pode ser uma oportunidade para abrir horizontes, para nos abrirmos ao mundo e para acolher cada um na sua diferença. A Igreja em Portugal ainda é de iguais, onde a diferença não tem muito lugar. As JMJ em Portugal pode ser uma grande oportunidade para cada um se abrir e acolher a diferença»

«Eu cheguei a Portugal e, no voltar à vida normal, percebi que estava diferente, que havia uma questão forte que me habitava e tinha de olhar para ela. Ao mesmo tempo, quando regressei das Jornadas e a questão da vocação se tornou presente, trouxe também outra pergunta, porque conheci uma pessoa de quem me fui aproximando e tinha medo de o magoar»

«(Na Fonte da Prata) Queremos que se sintam amados, valorizados e com perspetivas de futuro, que sinta que tem um lugar no mundo e na sociedade, que pode sempre ser mais. Cada um tem muito de bom para dar e ajudamos a puxar pelo lado bom que cada um tem»

«Deus parte dos nossos sonhos e do que somos. Este sonho foi-se transformando na minha vida. Hoje o meu sonho não é ser mãe de muitos filhos, mas pôr o meu lado maternal – que é muito forte – ao serviço das crianças, jovens e pessoas que me são confiadas. Não sou mãe de filhos biológicos mas sou mãe de muitos filhos e muitas vezes sinto, por algumas pessoas, o que uma mãe sente por um filho».
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