Manter acesa a esperança do Natal

Mensagem de Natal do bispo de Leiria-Fátima

1. O Natal de Cristo e a “arte de viver”

Neste ano de 2012, somos chamados a celebrar o Natal cristão no contexto eclesial do Ano da Fé e no contexto social da crise que atravessa o nosso país e toda a Europa. Recentemente, os meios de comunicação social procuraram excitar a opinião pública com a discussão sobre a presença do burro e da vaca no presépio, como se essa fosse a grande questão. Assim se desvia a atenção do centro da festa para um pormenor periférico e se dá a impressão de que o Natal é folclore e pouco ou nada tem a ver com o momento difícil e trepidante que o mundo está a viver.

Antes de mais, o Natal convida-nos a ir ao coração da fé cristã no mistério da Incarnação – Deus connosco na nossa carne humana –, e a renovar a certeza de que Ele está sempre presente nas nossas vidas. “Deus não é uma hipótese longínqua sobre a origem do mundo; não é uma inteligência matemática muito longe de nós. Deus interessa-se por nós, ama-nos, entrou pessoalmente na realidade da nossa história, comunicou-se até fazer-se homem. Assim, Deus é uma realidade da nossa vida; é tão grande que tem tempo para nós, se ocupa de nós. Em Jesus de Nazaré, nós encontramos o rosto de Deus, que desceu do seu Céu para entrar em cheio no mundo dos homens, no nosso mundo, e ensinar a “arte de viver”, o caminho da felicidade, e para nos libertar do pecado e nos tornar filhos de Deus. Jesus veio para salvar-nos e mostrar-nos a vida boa do Evangelho” (Bento XVI). Ele continua a vir trazer aos homens a paz, a vida e a alegria verdadeira.

 2. Manter acesa a Esperança

O mistério que celebramos no Natal encoraja e conforta o nosso caminho incerto e obscuro, ilumina o sentido da história, é fonte de esperança perene para o mundo.

A fé cristã tem um enorme potencial de esperança para o momento difícil que vivemos e nos traz inquietos, inseguros e assustados. A nossa esperança tem o fundamento sólido no Deus fiel “que levará a bom termo a obra que em nós começou”, mas que pede também a nossa colaboração.

Em concreto, a esperança cristã oferece-nos:

– a confiança na bondade da vida face à tentação do desencanto;

– a luz que nos orienta no meio da escuridão e da confusão que abala as nossas certezas;

– a perseverança que supera o desânimo no meio da provação e da adversidade;

– o despertar para a consciência de que são necessários os valores espirituais para se dar verdadeiro fundamento à vida e à sociedade;

– a descoberta da necessidade de novos modos ou estilos de vida frente às ilusões do facilitismo, do consumismo e do desperdício;

– o grande sentido da história que nos permite ver a presente crise como fim de um ciclo, ou de um mundo que passa pelas dores de parto de uma nova realidade ainda em gestação;

– o impulso da solidariedade fraterna e da partilha que nos ajudam a superar o individualismo, nos levam a darmos as mãos, a sermos apoio uns dos outros e a estarmos junto dos mais carenciados, dos sem trabalho, dos desamparados ou desesperados;

– o empenho na transformação dos mecanismos e do modelo que causaram esta situação socioeconómica tão desumana, para construir uma sociedade mais justa, equitativa e fraterna. Todos solidários, venceremos com a força do Senhor!

Nós, cristãos, somos chamados a manter acesa esta esperança que Jesus veio atear no mundo: através de redes de solidariedade, de acolhimento, de construção de respostas às necessidades fundamentais, de promoção dos laços de vizinhança e coesão social, de educação para uma nova cultura do social e da política, do anúncio da beleza, da bondade e da novidade de Cristo, nossa esperança.

Quero ainda apelar a todos os diocesanos para a participação ativa e generosa na campanha natalícia promovida pela Cáritas Portuguesa: “10 milhões de estrelas, um gesto pela paz”. Comprando uma vela por um euro, cada um está a acender uma estrela de esperança no coração de alguém necessitado.

A todos os diocesanos e suas famílias, desejo um Santo Natal de Esperança, de Solidariedade e de Alegria fraterna!

D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima
Leiria, 13 de dezembro de 2012

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