Manifestações e «corrosão» da democracia

“Não se resolve nada contestando”, diz D. José Policarpo

Fátima, Santarém, 12 out (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, disse hoje em Fátima, que as manifestações resultam na “corrosão” da democracia em Portugal, criticando o recurso à “rua” para definir o rumo do país.

“O que está a acontecer é uma corrosão da harmonia democrática, da nossa constituição e do nosso sistema constitucional”, disse o cardeal-patriarca de Lisboa na conferência de imprensa de apresentação da peregrinação internacional aniversária de outubro.

“Até que ponto construímos saúde democrática com a rua a dizer como se deve governar?”, questionou ainda.

O presidente da CEP sustentou que “não se resolve nada contestando, indo para grandes manifestações” ou “com uma revolução”, uma vez que os atuais problemas foram criados “ao longo de muito tempo”, lamentando a “reação coletiva a este momento nacional, que dá a ideia de que a única coisa que se pretende é mudar o Governo”.

D. José Policarpo alertou também que é preocupante observar que “uma democracia, que se define constitucionalmente como democracia representativa, na qual as soluções alternativas têm um lugar próprio para serem apresentadas, neste momento, está na rua”.

Na conferência de imprensa, o patriarca de Lisboa defendeu ainda que “a arte política é embrulhar esse caminho”, promovendo a “equidade”, se possível, protegendo os mais desfavorecidos e que, nesse capítulo, “a Igreja tem uma palavra”, tal como afirmou, recentemente, numa entrevista à Agência ECCLESIA.

Em resposta a perguntas dos jornalistas, D. José Policarpo afirmou que “a democracia faz-se vencendo etapas como estas” e que “existem sinais positivos” de que “estes sacrifícios levarão a resultados positivos” em Portugal e na Europa.

“O que eu sei é que a situação se criou dentro de um sistema económico-financeiro em que estamos inseridos, na União Europeia, e é lá que temos de encontrar as soluções”, frisou, acrescentando que não cabe aos bispos comentar a situação política.

“Não nos peçam que entremos na balbúrdia das opiniões”, disse, explicando que não gostaria que a sua voz fosse “mais uma entre a confusão”.

LFS/OC

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