LOC/MTC denuncia falta de ética dos empresários

Roteiro para a inclusão deve denunciar situações de pobreza, mas «tem de propor soluções para as vítimas da crise» A LOC/MTC afirma que as crises no vale do Ave e no Cávado não são recentes e têm-se ultrapassado. Mas a falta de ética no tecido empresarial que dita o encerramento das empresas nesta zona do país, está a votar as pessoas ao desemprego e à pobreza. Maria de Fátima Cunha, coordenadora nacional da Liga Operária Católica Movimento dos Trabalhadores Cristãos – LOC/MTC, afirma à Agência ECCLESIA que diagnósticos “já todos conhecemos. Não faltam estudos a indicar os problemas. Importa agora encontrar as soluções eficazes”, sublinha. A dirigente da LOC/MTC comenta o Roteiro para a Inclusão, que o Presidente Cavaco Silva realizou na zona de Braga, Porto e Barcelos, dedicada ao «Desemprego e Novos Riscos de Pobreza» como positiva enquanto “denunciadora das situações preocupantes”, mas afirma que as pessoas que diariamente lidam com as consequências da crise “precisam de soluções”. Maria de Fátima recorda a situação do Vale do Ave que, com o encerramento das empresas têxteis que empregavam muitas pessoas, por vezes famílias inteiras, ao encerrarem, “acentuaram situações de pobreza. O que interrogamos é como é que as empresas em época de grande desenvolvimento tiveram lucros, não souberam resguardar essas verbas para momentos mais difíceis?” “A primeira opção dos empresários é o despedimento. A ética social não é assumida por muitos empresários”, constata Maria de Fátima Cunha, que aponta a “grande crise de valores humanos”. Cavaco Silva reuniu na manhã desta Segunda-feira com a União de Sindicatos de Braga para debater a situação laboral do distrito, deixando o apelo para o diálogo entre empregadores e trabalhadores. A dirigente da LOC/MTC explica que os trabalhadores são os primeiros a disponibilizarem-se para arranjar soluções quando sentem que as empresas estão em risco. “Mas o encerramento é decidido pelo empresário sem ter em conta a situação dos trabalhadores”. O apelo deixado pelo Presidente da República “é positivo, mas estas conversações exigem uma mudança de mentalidade. O sentido individualista na solução dos problemas está impregnado no tecido empresarial”, explica Maria de Fátima Cunha que acompanha situações muito graves. “A obrigação de omissão social por falta de trabalho está na origem de depressões. A pessoa sente-se inútil”. Maria de Fátima indica que se tem de dar formação, educação, desenvolvimento social, “têm de se procurar de novas indústrias e alternativas à criação de empregos. Respostas urgentes aos problemas e um enraizamento do espírito de solidariedade”. “A voz do Presidente é importante”, resume, mas o apelo tem de ser “dirigido a toda a sociedade. Se não envolver as pessoas fica só no apelo”. Maria de Fátima indica que universidades, tecido empresarial, organizações sindicais e organizações políticas “devem estar juntas e interessadas em encontrar soluções para os trabalhadores”. Reconhecer respostas sociais Esta tarde Cavaco Silva desloca-se ao Porto para conhecer a Obra Social de Promoção Social. Uma instituição com 45 anos de história que, através de 12 centros sociais e paroquiais presta ajuda a cerca de três mil pessoas, entre crianças, adultos e idosos. Américo Ribeiro reconhece que crianças e idosos são as populações mais frágeis, chegando mesmo a constatar o abandono diário por parte de familiares. Mas, explica, “estamos agora a detectar pessoas com graves dificuldades financeiras mas que se escondem”. Recentemente a ODPS desencadeou uma iniciativa onde ajudou a 657 famílias em condições de carência que ainda não eram utentes da Obra. Américo Ribeiro, Presidente da Obra Diocesana de Promoção Social, explica à Agência ECCLESIA que também “muitas crianças que usufruem dos espaços, encontram o afecto e o carinho que lhes falta em casa”. “A ODPS presta apoio a mais utentes do que aqueles que a Segurança social apoia através da nossa instituição”, frisa o Presidente da ODPS. “A crise que se atravessa tem de ser revista pelo governo, para que instituições credíveis tenham o apoio que devem ter e vejam os seus acordos com a Segurança Social revistos”. As fontes de receita que a instituição tem são provenientes “do pouco que os utentes pagam e o que a Segurança Social apoia. através de benfeitores tentamos também encontrar outras verbas”. Américo Ribeiro lamenta que a cidade do Porto conheça pouco a Obra diocesana. “Conhecem os centros sociais e paroquiais, mas desconhecem que estas respostas são Obra Diocesana de Promoção Social”. Notícias relacionadas Quinta jornada do Roteiro para a Inclusão

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