Lisboa: «Vou ser um bispo da estrada» – D. Rui Valério

Novo patriarca promete presença e proximidade e afirma que acredita na «cura total» das vítimas de abuso

Foto Ricardo Perna

Lisboa, 02 set 2023 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa reafirmou, em declarações aos jornalistas após a tomada de posse, a sua solidariedade para com as vítimas de abuso, disse que acredita na sua “cura total” e que quer ser “um bispo da estrada”.

“Vou dar à Igreja de Lisboa o que tenho dado sempre ao longo da minha vida sacerdotal e depois como bispo: a minha presença, a minha proximidade. Vou ser um bispo da estrada, um bispo da rua, um bispo junto das pessoas. E é nessa ótica que vou concretizar e alinhar a minha ação”, disse D. Rui Valério.

A cerimónia da tomada de posse de D. Rui Valério como patriarca de Lisboa decorreu esta manhã, na Sé de Lisboa, após ter sido nomeado pelo Papa Francisco para suceder a D. Manuel Clemente, que apresentou o pedido de renúncia por ter atingido o limite de idade (75 anos) determinado pelo Direito Canónico para o exercício do ministério.

D. Rui Manuel Sousa Valério tem 58 anos de idade e é natural da Urgueira, no Concelho de Ourém, contando no seu percurso com vários anos de serviço junto das forças militares, sendo desde 2018 bispo da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança; membro da congregação dos Padres Monfortinos, foi ordenado sacerdote a 23 de março de 1991, em Fátima.

Em resposta à comunicação social, D. Rui Valério referiu-se à sua escolha para patriarca de Lisboa como sendo tratada “ao mais alto nível”, “nem sequer aqui na terra”, referindo que se sente “um servo”, nos “serviços simples, nos serviços humildes”.

Questionado sobre o momento em que assume a liderança do Patriarcado de Lisboa, D. Rui Valério disse que toma posse “na fase em que a esperança está mais viva na Igreja em Portugal”.

“Se estamos a falar das vítimas, é uma palavra de esperança que lhes quero deixar. Depois da solidariedade, depois da minha presença, depois da sua centralidade, a palavra a dar-lhes é esperança”, referiu o novo patriarca de Lisboa a respeito das vítimas de abuso.

D. Rui Valério indicou três passos que quer dar no acompanhamento das vítimas, nomeadamente de abuso sexual por membros da Igreja, indicando a “solidariedade e compreensão” como o primeiro.

“Depois, nós todos, a começar por mim, mas envolvendo toda a sociedade, temos que proceder a uma conversão para com as vítimas. Elas verdadeiramente devem ocupar o centro. Só a partir da centralidade das vítimas é que temos o discernimento para compreender os passos a fazer”, acrescentou.

D. Rui Valério referiu-se ainda a um terceiro passo, sem especificar, referindo que se está relacionado com “confiança e a esperança da cura”.

“Eu acredito na cura e na cura total e integral, envolvendo todas as dimensões, todos os aspetos possíveis. A cura não pode ter barreiras. Não há linhas vermelhas para realizarmos a cura de alguém que sofreu uma experiência tão atroz e tão horrorosa”, acrescentou.

Nas declarações aos jornalistas, D. Rui Valério reafirmou também que, após a realização da Jornada Mundial da Juventude, o momento é para escutar os jovens e referiu-se aos seus antecessores, nomeadamente D. António Ribeiro, D. José Policarpo e D. Manuel Clemente, como “elevadas personalidades espirituais”, afirmando que “é um privilégio” dar seguimento à história que lideraram no Patriarcado de Lisboa.

D. Rui Valério tomou posse na Sé de Lisboa como 18º patriarca de Lisboa, na manhã de hoje, e este domingo, pelas 16h00, vai presidir à Missa de entrada solene na diocese, no Mosteiro dos Jerónimos.

PR

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Agência ECCLESIA

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