Lisboa: Vigília ecuménica celebrou aniversário da encíclica «Laudato Si» e lembrou a paz

«Há medo de voltar aos campos semeados de minas, para encontrar colheitas destruídas pela brutalidade da guerra», padre António Martins

Lisboa, 27 mai 2022 (Ecclesia) – O capelão da Capela do Rato, em Lisboa, lembrou os homens e as mulheres que estão “sufocados pelo medo, sem sonhos de futuro, de esperança adiada”, esta quinta-feira, numa vigília ecuménica realizada no âmbito da ‘Semana Laudato Si’.

“Tantos homens e tantas mulheres [como os discípulos de Emaús] sufocados pelo medo, sem sonhos de futuro, de esperança adiada. Nós como eles, mendigos da presença do teu filho que clandestinamente caminha connosco, e, por isso, dizemos implorando fica connosco Senhor porque a noite vem caindo”, disse o padre António Martins.

Na vigília ecuménica de oração, transmitida online pela Agência ECCLESIA, o capelão da Capela do Rato salientou que na noite “os ladrões atacam, os bombardeamentos são mais intensos”.

“E há medo de voltar aos campos semeados de minas, para encontrar colheitas destruídas pela brutalidade da guerra”, acrescentou.

O padre António Martins alertou que “há medo da fome”, do trigo que não circula e “não se faz pão na mesa dos pobres”, “há medo e grito” de ver morrer amigos e familiares, “e as crianças deportadas para lugares incertos”.

O sacerdote destacou dois acontecimentos recentes, “contraditórios”, que aconteceram esta semana na Europa e nos Estudos Unidos da América: O jovem norte-americano, “tímido que na voragem obsessiva da violência” matou a avó e depois 15 crianças e adultos numa escola, esta terça-feira.

O outro acontecimento foi no início da semana, segunda-feira, a condenação à prisão perpétua de um jovem militar russo de 21 anos, Vadim Shishimarin, na Ucrânia.

“Julgado em tribunais ucranianos por crimes de guerra, também tímido, devolvido à condição humana, puramente desarmado, a assumir em tribunal a acusação que aquela viúva lhe fazia: Mataste o meu marido que era civil”, contextualizou o padre António Martins, lembrando que o soldado russo pediu “perdão à viúva, frágeis palavras e redentoras – ‘Peço-te perdão’”.

A vigília ecuménica de oração celebrou o sétimo aniversário da encíclica ‘Laudato Si’ do Papa Francisco e foi organizada pela ‘Rede Cuidar da Casa Comum’ e o ‘Foco de Conversão Ecológica da Capela do Rato’.

Senhor, aceita a nossa caminhada de homens e mulheres frágeis que com a sua arrogância se julgam donos do jardim que é a tua criação, que nos deste para o cuidarmos e cultivar. E cuidando desse jardim cuidarmos da nossa própria vida, da vida uns dos outros e de todos os seres vivos”.

O capelão da Capela do Rato explicou que esta celebração tinha duas dimensões, o “agradecimento e louvor pela beleza da criação” e pela sinfonia do universo, e uma dimensão “penitencial”.

Quem participou nesta vigília na Capela do Rato realizou “o gesto da unção com azeite e alfazema”, como “expressão de cura”.

A Semana ‘Laudato Si’, que decorre até 29 de maio, tem este ano como tema “Escutar e caminhar juntos”.

CB/OC

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