Lisboa: Refugiados, terrorismo, políticas sociais e família marcam congresso europeu de Serviço Social

Iniciativa na Universidade Católica reúne cerca de 550 investigadores

Lisboa, 31 mar 2016 (Ecclesia) – Especialistas em Serviço Social, vindos de toda a Europa, estão reunidos na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, a debater problemáticas como a crise de refugiados, o terrorismo, as políticas sociais e a família.

A iniciativa, promovida pela Associação Europeia de Investigação em Serviço Social (ESWRA), tem como anfitriã a Faculdade de Ciências Humanas da UCP e a sua Licenciatura em Serviço Social.

Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, a professora Ana Oliveira explica que, sendo esta disciplina “profundamente comprometida com o desenvolvimento social e humano”, não podia passar ao lado das questões que preocupam atualmente Portugal e a Europa.

“O grande desafio é perceber como é que nós podemos contribuir para uma política mais inclusiva em todas as dimensões humanas, e esta tem sido também a grande discussão”, realça a docente, que aprofunda depois a sua análise, ao nível da questão dos refugiados e do terrorismo.

“Uma questão que se coloca é como é que nós podemos ajudar a que a Europa abra a sua porta sem medo? Sem que nós nos tornemos produtores de estigmatização, a partir daquilo que é o medo, também pelos recentes acontecimentos que têm existido”, aponta a investigadora do Centro de Estudos de Serviço Social e Sociologia da UCP.

Outro dos painéis do congresso centrou-se na política de austeridade que foi adotada na Europa e mais concretamente em Portugal, como solução para a crise económica.

Uma solução que teve consequências ao nível da vivência das pessoas, das famílias, algo que também deve levar a uma “releitura da realidade”.

“Portugal está a atravessar um período de grandes questionamentos do ponto de vista social e humano e que coloca muitas questões, seja ao nível das empresas, das organizações, das comunidades, inclusive das comunidades urbanas”, frisa Ana Oliveira

Esta é a sexta vez que a Associação Europeia de Investigação em Serviço Social promove um congresso internacional deste género, desta vez em Portugal.

Silvia Fargion, responsável pela ESWRA, reconhece a relevância que a temática dos “fluxos migratórios”, sobretudo os motivados por “circunstâncias terríveis” como a guerra e o terrorismo, têm hoje na pesquisa e reflexão em Serviço Social.

Mas recorda outros que “não podem ser esquecidos”, como “o envelhecimento populacional e o desemprego, sobretudo o jovem”.

“O nosso papel, ainda que indireto, tem que ser a produção de conhecimento que sirva de suporte às práticas daqueles que têm poder de decisão, identificar novas formas de intervenção”, reforça a presidente da Associação Europeia de Investigação em Serviço Social.

No campo da inclusão social, Silvia Fargion enalteceu o papel que a Igreja Católica, através do Papa Francisco, tem desempenhado, inclusivamente no plano do diálogo inter-religioso.

“A Igreja tem um papel enorme a desempenhar aqui, também na distinção entre o que é a fé e o que é cultura, que é algo que nem sempre é bem conseguido”, complementou.      

O 6.º congresso europeu em Serviço Social conta com cerca de 550 investigadores e vai prolongar-se até esta sexta-feira.

JCP

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