Lisboa: “A base da comunidade cristã e da sociedade não é o indivíduo, mas a pessoa” – Cardeal-patriarca

D. Manuel Clemente presidiu à Festa da Família e defendeu a «matriz familiar» para a organização social e eclesial

Foto Setor da Pastoral da Família/Lisboa

Torres Vedras, 28 mai 2018 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou este domingo à Agência ECCLESIA que a base da comunidade cristã, como da sociedade, “é a pessoa” e “não o indivíduo”, e a matriz familiar “tem de vigorar” na organização social e eclesial.

“Numa comunidade cristã não pode acontecer o que tantas vezes acontece na sociedade em geral que é sermos tomados como indivíduos”, disse D. Manuel Clemente, este domingo, na Festa da Família, em Penafirme (Torres Vedras).

Em declarações à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano explicou que o indivíduo é uma “abstração aritmética” e as pessoas, cada um, transporta relações e “as primeiras que se têm são familiares”.

“Mesmo para aqueles que como eu e outros celibatários ou as irmãs consagradas não criam família, no sentido natural do termo, mas alargam a familiaridade cristã a todos e até aos que não têm família”, observou no Externato de Penafirme.

Para D. Manuel Clemente há uma matriz familiar que “é base da sociedade e também tem de vigorar na sociedade cristã”, o que se traduz, por exemplo, quando se pede algum serviço na comunidade cristã e é preciso lembrar que se as pessoas não são celibatários, nem consagrados “têm as suas famílias”.

“A base da comunidade cristã como a base da própria sociedade não é o indivíduo, é a pessoa. E a pessoa é um ser em relação e o primeiro âmbito é naturalmente a família”, sublinhou.

Segundo o prelado, em casa aprende-se a olhar uns pelos outros, “os mais fortes pelos mais fracos, os mais velhos pelos mais novos e os mais novos pelos mais velhos”, a ter atenção concreta à necessidade de cada um.

A própria comunidade cristã, como fez Jesus Cristo, que viveu até aos 30 anos de idade na família de Nazaré, é o alargamento a todos daquilo que se aprende “na família de cada um” mas para isso é preciso que essa família “também funcione e seja ajudada a funcionar”.

“A família é um bem para a comunidade cristã e a comunidade cristã é um bem para cada família”, observou.

D. Manuel Clemente considera que o Sínodo Diocesano de Lisboa, como o próprio Sínodo dos Bispos dedicado à Família, “insistem muito” na reconfiguração familiar das comunidades cristãs para que se tornem realmente, e cada vez mais, “cada uma dessas comunidades em família de famílias”.

‘A Família: da Escuta da Palavra à Transmissão da Fé’ foi o tema da jornada diocesana promovida pela Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa.

“É precisamente a família em festa. É uma ocasião de tantas famílias da diocese se encontrarem, testemunharem a sua vivência matrimonial, a alegria e verdade de serem famílias cristãs”, realçou D. Manuel Clemente.

Famílias que em cada geração que criam, como que recriam “o próprio mundo e a sociedade com laços fortes”, o acompanhamento de todos os familiares, dos mais novos aos mais idosos, “vencendo os problemas que sempre se levantam, no sentido de mais e melhor, e na fidelidade sempre reencontrada”.

Neste contexto, o cardeal-patriarca de Lisboa acrescenta que se “é bom dizer”, ainda é melhor verificar “testemunhado com alegria, com verdade, com festa”.

Por isso, D. Manuel Clemente acredita que, em cada ano, a jornada da família na diocese é para todos os que participam um momento “muito importante, muito refrescante até para a sua caminhada”.

Segundo o programa do dia da família, a tarde deste domingo, começou com animação musical antes da Eucaristia presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa onde foram homenageados os casais que celebram as suas bodas matrimoniais – 10,25,50 ou mais anos de casamento em 2018.

PR/CB

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