Projeto «Mãos que Cantam» une-se a cantores da JMJ
Lisboa, 07 fev 2023 (Ecclesia) – O diretor artístico do projeto ‘Mãos que cantam’ considera que a participação do coro de surdos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realizam em Lisboa, de 01 a 06 de agosto de 2023, é um “grande momento na caminhada de inclusão”.
“Quando, em 2017, o Papa Francisco esteve no centenário das aparições de Fátima o grupo também participou nas cerimónias litúrgicas para todos os surdos portugueses poderem compreender o que se canta nessas cerimónias, mas a integração de cantores surdos nas JMJ é um grande momento nesta caminhada de inclusão”, disse à Agência ECCLESIA Sérgio Peixoto.
O projeto ‘Mãos que Cantam’, nascido há 13 anos, foi um “verdadeiro caminho de descoberta” e “quando começamos na Universidade Católica Portuguesa (UCP) não havia nada parecido na Europa nem no mundo”, frisou o responsável.
Os elementos do projeto ‘Mãos que falam’ juntou-se ao Coro da JMJ Lisboa 2023, promovendo a “integração de ouvintes e não ouvintes, simultaneamente, num coro”.
“O início foi um começar do zero” porque houve a necessidade de “construir uma linguagem musical própria para dirigir pessoas surdas”, disse Sérgio Peixoto, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).
O objetivo é “construir quase um léxico musical para pessoas surdas e irmos experimentando e desenvolvendo artisticamente a língua gestual portuguesa”, acentuou o diretor artístico do projeto ‘Mãos que cantam’.
O Comité Organizador Local (COL) da JMJ Lisboa 2023 informou que um coro de surdos vai interpretar as músicas litúrgicas nos eventos centrais da edição internacional deste encontro organizado pela Igreja Católica.
‘Mãos que Cantam’, composto por pessoas surdas, tem sete elementos, incluindo a intérprete Sofia Figueiredo e o maestro Sérgio Peixoto, prevendo-se que possa contar com 15 elementos durante a semana da JMJ, na capital portuguesa.
Cláudia Dias, surda que integra o projeto, realça que a atuação é uma forma de mostrar que existem e “estão também na música”.
“Estar incluído na JMJ é muito importante e positivo” porque “é uma forma diferente de fazer a música”, observou Cláudia Dias.
“Não é apenas através da vibração, mas há outras formas de se aceder à música através da parte visual”, completou.
Sofia Figueiredo, intérprete de Língua Gestual Portuguesa (LGP) que integra o projeto, salienta que “é através da música que se espalha também a visibilidade das pessoas surdas”.
“É uma forma de chegar às massas, sensibilizar e consciencializar para a importância de estarmos todos presentes na diversidade e, nomeadamente na diversidade linguística”, sublinhou.
Nos dias 28 e 29 de janeiro, os membros do projeto juntaram-se ao ensaio que decorreu na Reitoria da Universidade de Lisboa, com cerca de 200 coralistas de todas as dioceses do país.
“Uma experiência excelente” porque “existiu a oportunidade para sensibilizar os jovens músicos para esta realidade”, disse Sérgio Peixoto.
“De uma forma diferente porque cada um canta com a sua voz”, completou o diretor artístico do ‘Mãos que cantam’.
O projeto, iniciado em 2010, criou um coro com pessoas surdas, alunos da Licenciatura e Mestrado em Língua Gestual Portuguesa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica, que começou por atuar em conjunto com o Coro da Universidade.
No dia 3 de março de 2021, a organização da Jornada Mundial da Juventude lançou a versão do hino oficial em Língua Gestual Portuguesa; esta versão do hino ‘Há pressa ar’ foi coordenada por Sérgio Peixoto e interpretada por Bruna Saraiva, escuteira do Agrupamento 714 (Albufeira, Diocese do Algarve).
As edições internacionais destas jornadas promovidas pela Igreja Católica são um acontecimento religioso e cultural que reúne centenas de milhares de jovens de todo o mundo, durante cerca de uma semana.
A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
HM/LFS/OC
Lisboa 2023: Coro de surdos «Mãos que Cantam» vai atuar na JMJ
Lisboa 2023: JMJ destaca Língua Gestual Portuguesa como «fator de proximidade»