Lisboa 2023: Coro de surdos «Mãos que Cantam» vai atuar na JMJ

Coro dos eventos centrais vai integrar simultaneamente «ouvintes e não ouvintes»

Lisboa, 31 jan 2023 (Ecclesia) – A edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa vai ter  um coro de surdos a interpretar as músicas litúrgicas nos eventos centrais do encontro.

“A música é universal, a sociedade precisa de retirar este rótulo de que as pessoas surdas não podem estar na música”, disse Débora Carmo, elemento do Coro “Mãos que Cantam”, lê-se no sítio online da JMJ Lisboa 2023.

O Comité Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 informa que um coro de surdos vai interpretar as músicas litúrgicas nos eventos centrais da edição internacional deste encontro organizado pela Igreja Católica.

O projeto ‘Mãos que Cantam’ juntou-se ao Coro da JMJ Lisboa 2023, promovendo a integração de ouvintes e não ouvintes, simultaneamente, num coro.

Nos dias 28 e 29 de janeiro, juntaram-se ao ensaio que decorreu na Reitoria da Universidade de Lisboa, com os cerca de 200 coralistas de todas as dioceses do país.

“Ter as canções em língua gestual portuguesa é uma forma de as pessoas perceberem que, na verdade, a música, e através da música, se pode estar em interação e conseguimos ser iguais aos outros”, realçou Cláudia Dias.

‘Mãos que Cantam’ é composto por pessoas surdas, tem sete elementos, incluindo a intérprete Sofia Figueiredo e o maestro Sérgio Peixoto, durante a semana da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, pode ter 15 elementos.

Sérgio Peixoto, diretor artístico do projeto ‘Mãos que Cantam’, iniciado em 2010, criou um coro com pessoas surdas, alunos da Licenciatura e Mestrado em Língua Gestual Portuguesa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica, que começou por atuar em conjunto com o Coro da Universidade.

O maestro salientou que este projeto tem mostrado que “não há barreiras, as pessoas surdas também podem fazer música”: “Uma nova forma de comunicar, de deixar passar as emoções do gesto aliados à música”.

O COL informa que durante os ensaios também o coro de ouvintes aprendeu a interpretar músicas do reportório que vão apresentar ao Papa em Língua Gestual Portuguesa (LGP).

“Normalmente aquilo que fazemos é prepararmo-nos antecipadamente […] vamos fazendo a adequação, fazendo as glosas da Língua Gestual Portuguesa, adequando aos gestos, gestos bonitos, estéticos que de facto se destaquem nas músicas”, explicou a coralista Patrícia Carmo sobre o desafio de preparar um reportório em LGP, lê-se no portal da JMJ Lisboa 2023.

No dia 3 de março de 2021, a organização da Jornada Mundial da Juventude lançou a versão do hino oficial em Língua Gestual Portuguesa; esta versão do hino ‘Há pressa ar’ foi coordenada por Sérgio Peixoto e interpretada por Bruna Saraiva, escuteira do Agrupamento 714 (Albufeira, Diocese do Algarve).

As edições internacionais destas jornadas promovidas pela Igreja Católica são um acontecimento religioso e cultural que reúne centenas de milhares de jovens de todo o mundo, durante cerca de uma semana.

A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

CB/OC

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