Lisboa 2023: Cardeal-patriarca reafirma compromisso na luta contra abuso de menores

D. Manuel Clemente sublinha que direito à manifestação é legítimo, «em respeito pela lei»

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 31 jul 2023 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje, em conferência de imprensa, que a Igreja Católica em Portugal tem um “empenho total” na proteção e prevenção dos casos de abusos de menores.

D. Manuel Clemente falava aos jornalistas, na apresentação da Jornada Mundial da Juventude que se inicia esta terça-feira, na capital portuguesa, recordando que todas as dioceses têm, neste momento, comissões para a Proteção de Menores, com equipas multidisciplinares.

Questionado sobre possíveis manifestações de protesto durante a JMJ Lisboa 2023, o cardeal-patriarca assinalou que “o direito a manifestação é público, façam o que quiserem, em respeito pela lei”, frisando que a Igreja Católica está a trabalhar para evitar novos casos.

“Temos de estar muito atentos e alerta”, indicou.

O responsável aludiu ainda ao memorial das vítimas, que a Conferência Episcopal Portuguesa está a preparar, indicando que o mesmo visa “fazer memória não apenas de reparação, mas também para chamar a atenção”, recordando que “existe o problema”.

Sobre um eventual encontro do Papa Francisco com vítimas de abusos, o patriarca de Lisboa falou na “discrição” habitual destas situações, sublinhando que as “vitimas não querem ser publicitadas”.

Já na última semana, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, precisou que um eventual encontro será divulgado sempre “depois” de ter acontecido.

“Estes encontros, quando acontecem, acontecem de forma reservada, para facilitar o processo de cura, que é sempre pessoal, íntimo”, disse.

O documento de trabalho distribuído aos jornalistas que acompanham o voo papal evoca o trabalho desenvolvido pela Comissão Independente, criada pela Conferência Episcopal Portuguesa, para estudar os casos de abusos sexuais de menores.

Na primeira conferência de imprensa da JMJ Lisboa 2023, D. Manuel Clemente rejeitou a ideia de uma Igreja “branca ou racista”, dando como exemplo o próprio Patriarcado de Lisboa, onde “a conivência inter-racial e intercultural é muito boa”.

“Estamos no bom caminho para que haja uma sociedade intercultural, que partilhem estas diversas culturas e conveniências”, acrescentou, afirmando que no Patriarcado isso é feito “por convicção”, e não opção estratégica.

A Jornada Mundial da Juventude, que Portugal recebe pela primeira vez, é um encontro internacional de jovens promovido pela Igreja Católica, que reúne centenas de milhares de participantes durante cerca de uma semana, em iniciativas religiosas e culturais, sob a presidência do Papa.

Até hoje houve 14 edições internacionais da JMJ – que decorrem de forma alternada com celebrações anuais em cada diocese católica: Roma (1986), Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

CB/OC

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