Liberdade Religiosa: «Não podemos ser indiferentes ao que se passa no mundo» – Bispo de Santarém

D. José Traquina destaca a necessidade de olhar para outras realidades, em que cidadãos sofrem por causa da fé que professam

Foto. Rádio Cidade de Tomar

Tomar, 22 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo de Santarém lamentou, esta quinta-feira, na Igreja de São João Baptista, em Tomar, que a liberdade religiosa seja um direito desrespeitado em várias partes do globo.

“[A liberdade religiosa é um] direito fundamental que, não sendo respeitado, [significa] que os outros direitos não o são, e isso é preocupante”, afirmou D. José Traquina, constatando que “cerca de metade da população do mundo não tem essa dimensão garantida”.

O religioso marcou presença na apresentação do Relatório 2023 da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, lançado em junho do ano passado, que mostra que “a perseguição com base na fé se agravou e a impunidade aumentou em 61 dos 196 países do mundo”.

“Não podemos ser egoístas. Não podemos ser indiferentes à realidade humana no mundo, não podemos ser indiferentes ao que se passa no mundo. E se é possível fazer alguma ajuda indireta, faz-se…. Aí entra a fundação. Mas de facto, a informação é importante para se saber como é. É mesmo muito importante. E para se conhecer a realidade deste mundo”, disse D. José Traquina, antes do início da sessão, em entrevista à Fundação AIS e à rádio e TV Cidade de Tomar.

O bispo falava no bom relacionamento entre a Igreja e o Estado, mencionando que é necessário olhar o mundo e compreender que noutras nações, noutras realidades, existem muitas pessoas que sofrem apenas por causa da fé que professam e que isso obriga a agir.

D. José Traquina recordou também “as dificuldades por que passam muitos bispos, muitos missionários, em zonas perseguidas, onde há igrejas destruídas, em estruturas que são massacradas por serem cristãos”.

Antes da sessão de apresentação, que reuniu dezenas de pessoas, o bispo destacou a importância do documento e a informação que presta sobre “este direito fundamental do ser humano”, juntando ao trabalho que a AIS desenvolve junto das comunidades cristãs mais perseguidas e em maior sofrimento em todo o mundo.

“O papel da Fundação AIS é um alerta muito importante. É um alerta enorme e com grande significado para a nossa consciência, para a nossa tomada de consciência dessa realidade, e depois saber que a fundação não faz só essa informação, mas também recolhe apoios para colaborar com muitos cristãos perseguidos no mundo… isso é notável”, destacou.

Segundo a fundação pontifícia, o D. José Traquina revelou ter ficado “impressionado” com a leitura do relatório: “Num país, Portugal, e num continente, Europa, onde a liberdade religiosa está assegurada, nós não damos conta do que é a perseguição, [do facto de] as pessoas, apenas por quererem manifestar-se, ou rezar em público, serem perseguidas”.

“Isso é impressionante, é inconcebível”, manifestou.

Nicarágua foi o país referenciado pelo bispo como exemplo de onde se verifica o atropelo à liberdade religiosa, onde os cristãos são perseguidos.

“O que se passa na Nicarágua, neste momento, é uma coisa que supera tudo. E isto para não falar em muitos países de África ou da Ásia, como o Relatório mostra. Mas é de facto muito preocupante que não sejam respeitadas pessoas que não têm armas. Os Cristãos, não têm armas. Assumiram-se como pessoas pacíficas, a sua arma é a oração, a sua fé. Como não têm armas para se defender, são violentados por isso. É terrível…”, assinalou.

A diretora do secretariado nacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, Catarina Martins de Bettencourt, foi a responsável por apresentar o documento e, segundo a AIS, incentivou a “uma leitura mais atenta”.

O documento pode ser lido na página da FAIS na internet.

LJ/OC

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