Levantaram-se do Sofá e puseram-se Caminho.

Padre Hugo Gonçalves, Diocese de Beja

O Papa Francisco, na Jornada Mundial da Juventude de 2016 realizada na cidade de Cracóvia (Polónia), desafiava os jovens a saírem do conforto do sofá, da comodidade e passividade e a serem protagonistas da História.

Este desafio, à semelhança de outros, continua a ecoar no coração da juventude católica, e por isso uma vez mais se fizeram “presentes” e corresponderam ao convite que o Papa Francisco fez para este encontro sem paralelo, que é a JMJ. O ambiente que se vive em Lisboa é inexplicável e inesquecível; não se trata de um mero encontro de culturas; é muito mais do que isso! E, para o comprovar,  basta ouvir o que estes jovens dizem: é um encontro de irmãos, unidos na mesma fé, celebrada na diversidade de línguas e povos – é Cristo Jesus que nos une.

No comboio, no metro, no autocarro e no barco, a alegria é contagiante, e o nome de Jesus está constantemente presente, quer nos cânticos, quer nos vivas a Cristo, ou até mesmo os vivas a Cristo Rei, como tive oportunidade de escutar no primeiro dia enquanto fazia a travessia de barco do Terreiro do Paço para o Barreiro.

Na Eucaristia de abertura da JMJ sentia-se  e via-se a emoção, na voz e no olhar dos jovens: as lágrimas estavam presentes no rosto de alguns jovens, visíveis lágrimas de alegria que falavam por si. Quem não se emociona a ver assim os jovens? É uma alegria, um entusiasmo, uma energia contagiante. Todos se abraçam e cumprimentam, como se conhecessem há anos, como se fossem amigos de infância. Ali não há barreiras linguísticas, muito menos físicas, fronteiras – todos são iguais porque se sentem todos filhos do mesmo Pai – sendo por si mesma uma lição para nós e para o mundo.

A oração não se faz apenas nos lugares das celebrações, ela irrompe em forma de canto, pelas ruas dos lugares que nos acolhem, nas mesas e nos relvados em que se toma uma refeição. Não se tem vergonha de rezar em público ou de fazer o sinal da Cruz. Os adultos que tantas vezes se inibem de o fazer, por vergonha, por medo de serem criticados ou mesmo ridicularizados têm nestes jovens um exemplo de quem se assume, sem medo, de ser cristão.

No segundo dia uma pessoa amiga enviou-me uma mensagem: “Sr Padre, veja se pede à organização da Jornada, que diga aos jovens portugueses que levem bandeiras de Portugal, pois só se vê de Espanha”. Este pedido manifesta uma realidade: os jovens portugueses ainda são muito tímidos na expressão da sua fé, são silenciosos, a qual, muita das vezes ainda está numa fase embrionária e pouco amadurecida. Julgo que a Jornada pode ter este aspecto de ajudar os jovens portugueses a dar um salto qualitativo em relação à vivência da fé. O testemunho de outros jovens das mesmas idades pode proporcionar um encorajamento a caminhar na fé e no aprofundamento da mesma.

Rezemos ao Espírito Santo, para que este acontecimento seja um despertar para a fé daqueles que a têm adormecida, e um fortalecimento para aqueles que a vivem de forma envergonhada.

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Agência ECCLESIA

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