Leiria-Fátima: «Nenhuma criança deve ser discriminada pela sua opção sexual», afirma bispo, que lamentou lei da autodeterminação da identidade de género nas escolas «passada em fim de legislatura»

D. José Ornelas comentou também caso das gémeas luso-brasileiras e a declaração sobre bênçãos do Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé)

Foto: Lusa

Leiria, 20 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima afirmou que as crianças no Natal “são a expressão daquilo que é preciso fazer para cuidar”, a história das gémeas luso-brasileiras “é bonita para contar” nesta quadra, e criticou aprovação da lei da autodeterminação da identidade de género.

“Nenhuma criança deve ser discriminada pela sua opção sexual, agora, acho que era importante o que a Medicina tem dito, as próprias Ordens Médicas”, disse D. José Ornelas, esta terça-feira, sobre a aprovação da lei da autodeterminação de género nas escolas pelos deputados na Assembleia da República, na sexta-feira, dia 15 de dezembro.

Na conferência de imprensa de apresentação da Mensagem de Natal 2023, o bispo de Leiria-Fátima acrescentou que “um problema sério de saúde” tem de ser visto para que não aconteça numa altura em que as crianças estão a crescer e na adolescência, “quando se afirma toda esta dimensão importante da sexualidade”, para que “não enveredem por caminhos apressados que exigem discernimento”.

D. José Ornelas está “totalmente de acordo” com a lei da autodeterminação de género nas escolas quando diz que “ninguém pode ser discriminado”, lamentando que há problemas que tantas vezes se passou ao lado, mas uma “coisa destas passada em fim de legislatura não cheira bem”.

No início do encontro, quando contextualizou a sua mensagem de Natal, o bispo de Leiria-Fátima explicou que as crianças “têm um papel tão importante no Natal porque são a expressão daquilo que é preciso fazer para cuidar”, considerando depois, nas respostas aos jornalistas, que o caso das gémeas luso-brasileiras, com atrofia muscular espinal que foram tratadas no Hospital de Santa Maria (Lisboa), “uma história bonita para contar” nesta quadra.

“Sou totalmente contra as cunhas, mas cunhas que salvam crianças não fazem mal a ninguém. Não é por ai que enferma o Serviço Nacional de Saúde, não é por ai que enferma a corrupção”, desenvolveu.

D. José Ornelas salientou que a “cunha é uma história mal contada”, observando que se fossem ao Serviço Nacional de Saúde “mandavam-nas para uma consulta daí a um ano”, mas houve gente que se apressou: “Fosse quem fosse, se isso é ser corrupto, aqueles que ajudaram, também quero ser corrupto e tenho tentado”.

Neste contexto, o bispo de Leiria-Fátima explicou que gostava de contar esta história de outra forma: “Havia duas meninas que estavam a ponto de morrer, não tinham salvação, mas, ouviram dizer que havia médicos e havia um tratamento que podia salvá-las”.

Na segunda-feira, o Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé) publicou uma declaração, aprovada pelo Papa Francisco, que permite “abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo” mas “permanece firme na doutrina da Igreja sobre o casamento”.

D. José Ornelas explicou que “o Papa não disse nada de novo”, indicando que o próprio Francisco diz que “isso está incluído num contexto maior de uma instrução sobre bênçãos e o sentido da bênção”.

“A missão da Igreja é precisamente abençoar. Jesus diz ‘não vim ao mundo para condenar o mundo’, não veio simplesmente como juiz, senão não tínhamos salvação, somos todos gente que não é perfeita. Oferecer a bênção de Deus é para todos”, desenvolveu, lembrando que o Papa Francisco “diz muito claramente” que não façam a bênção “como se estivessem a fazer um casamento”.

CB/PR

 

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