João Paulo II, o Grande, amigo dos jovens

«Eu procurei-vos e vós viestes ter comigo. Agradeço-vos». Foram algumas das últimas palavras que aqueles lábios cansados, com mais de 80 anos, pronunciaram. Alguns interpretaram-nas como sendo dirigidas aos jovens pois, Mons. Dziwisz ter-lhe-ia dito, momentos antes, que a Praça de São Pedro estava repleta de jovens que o acompanhavam em silêncio e oração. Outros entendem que estas palavras eram uma oração, um desabafo ao Senhor, dito em voz alta. Tanto uma como outra leitura são possíveis. E legítimas. Aqui vou reflectir sobre a primeira. Já lá vão os anos em que o Padre Wojtyla era procurado pelos jovens para lhe fazerem perguntas, confiarem seus problemas e confessarem seus pecados. Enquanto professor universitário nunca desprezava, no programa académico, uma longa caminhada pelas montanhas ou umas travessias de canoa ou esqui. Estava com jovens, num acampamento, quando o foram chamar pois tinha sido eleito bispo. Ele disse-lhes: «Eu vou. Mas volto». E voltou até junto deles que ainda não tinham levantado as tendas pois acreditavam que ele não faltaria à sua palavra. E não faltou. Ao longo dos seus anos de bispo, nos anos de repressão comunista; mesmo já muito absorvido em trabalhos e canseiras, como cardeal-arcebispo de Cracóvia; até com o peso da Igreja universal às costas, como Papa…, ele voltou ao encontro dos jovens. E eles (nós!) ficámos à sua espera. Ele voltou, em 1978, dirigindo-se aos jovens, em Roma. Ele voltou, nas suas primeiras viagens apostólicas, promovendo encontros com os jovens dos países que visitava. Ele voltou, de modo especial, no Domingo de Ramos de 1985, Ano Internacional da Juventude, rodeado de jovens na Praça de São Pedro. Nesse ano, em Dezembro, anunciou a criação das Jornadas Mundiais da Juventude, e este ano será a 20.ª, desde então, uma em cada ano… De dois em dois anos – com algumas excepções de três – , as Jornadas não se celebraram em cada país por separado mas num só país para os jovens do mundo inteiro. Muitos tivemos a graça de poder participar nesses encontros inesquecíveis. A Cruz das Jornadas ou Cruz da Juventude, que ele nos ofereceu em 1985, percorreu já a maior parte dos países do mundo. Em Viana, esteve em Outubro de 2003, no dia nove. E como recordámos esses momentos! João Paulo II voltou, sempre jovem!, mesmo quando o peso dos anos o tornou mais lento, mais silencioso… Então, a sua velhice, a sua doença, a sua dor falavam mais elo-quentemente! Ensinou-nos tanto, tanto mesmo!, sobre a vida, sobre a fé, sobre a vocação humana, cristã, consagrada… Foram tantos os gestos, as palavras, os quilómetros percorridos para nos falar! «Queridos amigos: não tenhais medo! Abri as portas do coração a Cristo. Só Ele pode dar sentido à vossa vida, saciar a vossa sede, fazer-vos felizes!». E a sua vida foi disso testemunho. Dar, dar-se, como a vela que se derrete no Altar, até à última gota, até à exaustão, até que se apaga… sem alarido, em silêncio… Ámen. Foi por isso que fomos ter contigo, João Paulo. E, contigo, caminhámos para juntos até Jesus Cristo. Agora contigo no Céu continuamos a caminhar para Cristo. As tuas palavras eram d’Ele, para Ele, por Ele. Por isso, permanecem actuais porque Ele é sempre actual! Ele é «Jesus Cristo, o eternamente jovem», como tu Lhe chamaste. E tu não quiseste ser mais, e tu não foste mais do que o seu servo. «Agradeço-vos»?! Não, João Paulo, somos nós que agradecemos: obrigado, melhor, muito obrigado! Não te esqueceremos. Para a maior parte de nós, és o único Papa que conhecemos. Virão outros, e amá-los-emos como a ti e segui-los-emos como a ti e responderemos aos seus convites como a ti! Mas tu já nos marcaste para sempre. George Weigel – o teu melhor biógrafo – e o Cardeal Sodano – teu secretário de Estado – disseram já que mereces o título de «o Grande», «Magno», como São Leão ou São Gregório. Certamente que a história da Igreja assim te consa-grará. Desculpa se nós não viermos a usar muito esse título. Sei lá porquê. Parece que te afasta muito de nós. É tão solene, tão pomposo, ainda que cheio de significado. Parece que não nos recorda os teus gestos irre-verentes (como os nossos) quebrando o protocolo e enervando os teus cardeais!:) Sabes, João Paulo? Para nós serás sempre, apenas (e só?), o AMIGO DOS JOVENS. Que bem estás junto de Deus! MUITO OBRIGADO. DEUS TE PAGUE! Pelos jovens de Viana do Castelo, sempre teus amigos, Pablo Lima

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top