João Paulo II: Henrique Mota recorda visita do futuro santo a Timor

Editor e antigo jornalista relata os vários momentos em que privou com o Papa polaco

Lisboa, 22 abr 2014 (Ecclesia) – O editor da Principia, Henrique Mota relembra em declarações à Agência ECCLESIA a visita do Papa a Timor, em 1989, que ele acompanhou enquanto jornalista da Rádio Renascença.

Henrique Mota era um dos dois portugueses a acompanhar a visita do Papa a Timor-Leste, Indonésia, Maurícias e Coreia do Sul e recorda que “ambos foram integrados no grupo de jornalistas dos países visitados pelo Papa”.

“Tivemos de parar em Timor para mudar de avião e o Papa tinha um cartaz à sua espera a dizer ‘Bem-vindo a Timor, província da Indonésia’ e percebendo que havia ali um aproveitamento político ele mudou o seu percurso e evitou passar pelo cartaz indo junto do gradeamento do aeroporto para encontrar-se com os timorenses que ali estavam para o ver”, conta.

Quanto ao episódio da chegada a Timor em que o Papa não beijou o chão, Henrique Mota conta que João Paulo II “tinha previsto beijar uma cruz que estaria colocada no chão, como símbolo do sofrimento dos timorenses, mas quando ele saiu do avião um segurança retirou a cruz do chão e mais tarde já no local da Missa essa mesma cruz estava aos pés do altar para que o Papa pudesse fazer o gesto que tinha pensado”.

No fim dessa missa “onde se cantou em português e se rezou a Nossa Senhora de Fátima” existiram confrontos entre a polícia e alguns timorenses “e o Papa que já ia a sair voltou para trás e ficou a assistir ao conflito para ter a certeza que nada aconteceria aos timorenses”, relata.

“Houve sempre uma enorme preocupação do Papa relativamente a Timor, e quando ele saiu de lá o país estava na agenda das questões mundiais e é justo reconhecer que isso se deve a João Paulo II. Ter participado nesta viagem foi sem dúvida a experiência mais marcante da minha vida enquanto jornalista”, sintetiza.

O editor da Principia recorda também que quando João Paulo II foi eleito Papa (1978) era um jovem universitário e fazia parte do Secretariado Nacional da Pastoral Juvenil do Patriarcado de Lisboa.

Em Portugal, Henrique Mota esteve com João Paulo II em dois momentos, o primeiro na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, num dia em que “estava muito calor e por isso ele nem leu o discurso que tinha preparado e fez uma conversa improvisada”, e um segundo momento de encontro no Parque Eduardo VII, que “estava repleto de jovens e foi extraordinário e muito marcante”.

“João Paulo II marcou em abstrato a vida de várias gerações e concretamente a vida das pessoas, todas as pessoas que se encontraram com o Papa referem o olhar profundo com que ele olhou para essas pessoas, parecia que nos olhava por dentro, era um olhar que não se intrometia mas que acompanhava e eu tive o privilégio de ver esse olhar em 1991 quando fiz parte da organização da visita”, considera o editor da Principia.

Antes, em 1983, Henrique Mota integrou um grupo de “cerca de 3000 jovens de Lisboa” que esteve com o Papa João Paulo II em Castel Gandolfo, “um momento extraordinário que inicialmente se previa que durasse uma hora e afinal durou três horas”.

“Nunca em nenhum momento ele teve qualquer gesto ou sinal que pudesse indiciar que havia ali um mérito próprio, encontrou sempre a razão do encontro com os jovens no anúncio de Jesus e os jovens iam até ele por ver nele o sucessor de Pedro”, enaltece Henrique Mota.

HM/MD

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