Media: «Falar sobre Igreja no digital é um jogo de cintura» – Teresa Seromenho

Painel «Jovens em comunicação: conteúdos e canais» desafiou a Igreja Católica, jornalistas e comunicadores a mais presença, em novas formas e novas comunidades

Fátima, 22 set 2023 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal foi hoje desafiada a ser” influencer”, com maior presença nas redes sociais, usando ferramentas como os podcasts, as lives (diretos) e a criar comunidade, encontro, nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social.

“Falar sobre Igreja no digital é um jogo de cintura, nunca nos podemos esquecer do que queremos comunicar, dos valores”, disse Teresa Seromenho, da área das Redes Sociais da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, em Fátima.

No painel ‘Jovens em comunicação: conteúdos e canais’, destacou a importância do “amor na comunicação”, e “responder sempre com amor”, lembrando a importância de saber gerir a relação com o público, com quem interage nas diversas partilhas.

“Quando o público se identifica connosco, comunicar a Igreja, sinto que a grande base poderá sair da Jornada; A Jornada Mundial da Juventude ao nível da comunicação teve um papel muito bom, muitos desafios, imensos presentes de Deus que recebemos nas redes sociais, podemos ter um bom ponto de partida e ótimo caso de estudo para a Igreja se lançar no digital sem medo”, desenvolveu.

Teresa Seromenho destacou o “milagre do encontro”, lembrando a importância de “dar feedback, reagir, para criar comunidade digital”, porque não se pode “só lançar conteúdos e não ouvir”, e recordou o “desejo de comunicar com todos os jovens e comunicar em todas as línguas” da JMJ Lisboa 2023, que, para além dos cinco idiomas oficiais, trabalharam com “mais 15 línguas”, para “promover cultura do encontro de Cristo vivo no meio dos jovens”.

‘Geração 2023, todos ligados: e a Igreja?’ é o tema das JNCS 2023, iniciativa organizada pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que começaram hoje, e terminam sexta-feira, na Domus Carmeli, em Fátima.

A JMJ Lisboa 2023 decorreu de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, com mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, presididas pelo Papa Francisco, no Parque Tejo.

Flávia Maria, que trabalha em branding e marketing digital, e também foi voluntária na JMJ Lisboa 2023, falou sobre os desafios de chegar aos influencers e evangelizadores digitais e em organizar e promover um encontro na capital portuguesa, como o influenciador norte-americano Jonathan Roumie, “uma das maiores vozes no catolicismo para os jovens”, que marcou as páginas online da Jornada em português e inglês “e se tornou um dos vídeos mais vistos do perfil”.

A jovem brasileira apresentou os influencers como os “novos discípulos, discípulos digitais”, “vozes influentes que conseguem conectar mais e mais jovens”, Jonathan Roumie esteve na cidade da Alegria, lotou o espaço que ficou “em silêncio para escutar”, mas cada um “tem a sua parcela de influencer, e levar a palavra de Deus”.

Flávia Maria é preciso ter um “compromisso com a verdade” e “dar as mãos aos jovens de forma online” e depois “passar do ecrã e o jovem entender que estão a dar as mãos através de um conteúdo e ele conseguir dar o passo para a Igreja”, ter uma “Igreja de braços abertos para acolher todos, todos e todos”.

“Com um mix bem alinhado conseguimos ter uma comunicação cada vez mais clara, cada vez mais transparente e cada vez mais de verdade”, realçou.

António Fonseca esteve na TV JMJ Lisboa, e falou sobre as vantagens e oportunidade das lives, dos diretos, aos participantes das Jornadas Nacionais de Comunicação Social.

O interveniente, que já participou em inúmeros projetos ligados à Igreja católica, explicou que os lives/diretos existem há muito tempo na comunicação, mas as redes sociais vieram atualizar, porque na internet “permite interação e sentido de comunidade”.

Neste contexto, António Fonseca lembrou a oração do Papa Francisco, no início da pandemia Covid-19, em março de 2020, num Praça de São Pedro vazia, mas muitas pessoas acompanharam pelas transmissões em direto.

“Acompanhar para estar em comunhão, estar lá, o direto transporta-nos para o local, naquele momento estou lá, faço parte de uma comunidade que reúne. Para jovens, e não, só o virtual e o presencial estão misturados, não estão separados, têm as duas realidades em simultâneo”, desenvolveu.

António Fonseca explicou que os jovens procuram nas lives “interatividade em tempo real, autenticidade, comunidade online, diversidade de conteúdo, acesso direto aos criadores”, a oportunidade de mobilidade, se existe quem acompanhou as Jornadas remotamente, outras pessoas estavam em Lisboa, num determinado local e acompanhavam o que se passava noutro local.

“As grandes questões serão sempre as mesmas, as inquietações de vida, dos jovens, dos idosos, no essencial serão as mesmas com outros nomes, dificuldades, outras formas de comunicar, mas o potencial é gigante, enorme”, afirmou.

Diogo Pires, autor de um podcast onde conversa com empreendedores portugueses, jovens que vivem em grandes cidades e também partilha reflexões pessoais, explicou a potencialidade deste formato, apresentado alguns resultados do seu ‘Manual de boas ideias’, que tem três meses, e os 11 episódios tiveram “4230 reproduções” e um “tempo de escuta total de mais de 17 mil horas”, por exemplo.

O locutor da rádio Mega Hits, do Grupo Renascença Multimédia, destacou a importância de um “podcast na globalização de uma mensagem”, por isso, é “interessante olhar para este formato”, tendo em conta a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

O painel ‘Jovens em comunicação: conteúdos e canais’ foi moderado por Nuno Sobral Camelo, o novo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNP) da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que começou por destacar alguns pontos que foram partilhados e refletidos no primeiro dia de JNCS, como o facto de a mensagem ter de ser confortável para quem comunica e para quem escuta.

“A comunicação tem de ser conforto, a comunicação também tem de ser salvação, nós comunicamos para salvar. A comunicação na Igreja tem de ser conforto, salvação, simplicidade e silêncio”, resumiu o leigo da Arquidiocese de Évora.

As Jornadas Nacionais de Comunicação Social 2023, após as palavras de abertura de D. Nuno Brás, presidente da Comissão Episcopal da Cultural, Bens Culturais e Comunicações Sociais, continuaram com uma conferência do secretário do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), mons. Lucio Ruiz, sobre o tema ‘Geração 2023: Escutar para comunicar’, seguindo-se o painel ‘Jovens em comunicação: experiências e futuro’ e terminaram, esta sexta-feira, com a apresentação do tema ‘Todos ligados: Jovens em comunicação com e nas instituições’, por Diogo Belford, da agência de comunicação Cunha&Vaz.

CB/OC

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