JMJ 2023: Maior legado da Jornada Mundial da Juventude é a «rede capilar de jovens» constituída para a sua preparação

Presidente da CEP referiu-se também à pastoral no Santuário de Fátima, valorizando uma “ação concreta” na atenção aos mais pequenos, “não apenas do ponto de vista de reflexão e espiritual”

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa 30 abr 2023 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) espera que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deixe como legado a “rede capilar de jovens” que foi constituída para a sua preparação.

“Se nós conseguirmos manter esta rede capilar de jovens, para mim é uma rede fundamental e luminosa”, afirmou D. José Ornelas em entrevista conjunta à Agência Ecclesia e à Agência Lusa.

O presidente da CEP disse que, ao preparar a JMJ Lisboa 2023, a Igreja Católica em Portugal aprendeu a “dar responsabilidade aos jovens”, colocando-os a “gerir” as etapas até ao encontro com o Papa, entre os dias 1 e 6 de agosto.

“É isto que me interessa! Os nossos jovens não podem ser considerados nas nossas paróquias só como destinatários de serviços, organização, processos, discursos, etc. Têm de estar dentro da feitura de tudo isto”.

“Espero sobretudo que fique, a nível de cada diocese, a estrutura que fizemos: onde às vezes paróquias que nem sequer tinham um grupo de jovens, agora têm, o COP (Comité Organizador Paroquial), e as vigararias têm o COV (Comité Organizador Vicarial), afirmou.

O presidente da CEP valorizou o “esforço muito grande” de envolver os jovens na preparação da JMJ, esperando que depois “toda a gente não entre na ressaca pós-jornada”, mas permaneça a atitude de “sair do sofá das comodidades”.

D. José Ornelas valorizou também a “abertura Internacional” que a JMJ gera, esperando que “seja algo que fique” e disse que as próximas Jornadas Pastorais do CEP, no mês de junho, vão ser sobre a Jornada Mundial da Juventude, onde pode ser pensada uma estratégia para o pós-jornada.

Questionado sobre o seu encontro com o Papa Francisco, por ocasião da JMJ Lisboa 2023, D. José Ornelas disse que lhe vai pedir para continuar o seu ministério, como “tem feito”.

“Tem sido um Papa que tem inspirado muito os nossos jovens, apesar da sua idade, tem apresentado caminhos novos para a sua Igreja”, afirmou.

A respeito do Santuário de Fátima, o bispo da Diocese de Leiria-Fátima há pouco mais de um ano disse que está “constantemente em diálogo” com o reitor padre Carlos Cabecinhas, que foi renomeado nos últimos dias, e, mesmo não se sentindo “ainda confortável” para indicar uma “linha”, considera que a canonização dos pastorinhos desafia a uma “ação concreta” na atenção aos mais pequenos, “não apenas do ponto de vista de reflexão e espiritual”.

“Quando vemos que no mundo morrem, todos os dias, muitas crianças, em números horrorosos, de fome, crianças que são abusadas a todos os níveis, crianças que não têm a escola… Isto não pode passar ao lado do Santuário”, afirmou.

D. José Ornelas considera que o Santuário tem uma dinâmica que está em constante transformação” e deve “encontrar respostas novas para tempos novos”, indicando que “tomar a sério a Mensagem de Fátima” significa colocar o Santuário ao encontro de “um Evangelho para os mais pequenos, para aqueles que, precisamente, estão fora”.

“Estamos a começar a dar alguns passos, mas tem de ser mais fundo. Fátima tem de ser isto para que não corra o risco, como Santuário, de ser um nicho onde se vai fazer devoções e depois se volta e tudo continua na mesma. Mas seja algo que mexa com as pessoas! É essa a função dos Santuários! Dada a projeção internacional do Santuário, pode fazer uma diferença”, afirmou.

D. José Ornelas afirmou que “a fome, a miséria, a falta de educação, a falta de água que sofrem muitas crianças” é o “maior abuso” que se comete contra as crianças, concluindo que “Fátima não pode ficar estranha a toda esta linguagem”.

PR

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