Iraque: Jihadistas invadem mosteiro e expulsam monges

Patriarca católico caldeu de Bagdade alerta para «catástrofe humana, civil e histórica»

Lisboa, 22 jul 2014 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre divulgou que os militantes do Estado Islâmico no Iraque invadiram um mosteiro do século IV e expulsaram os monges da igreja siríaca católica, no Mar Behnam, no domingo.

"Não têm mais lugar aqui, têm que sair imediatamente", disseram os militantes radicais sunitas segundo relatou um sacerdote expulso do mosteiro no Mar Behnam, no norte do Iraque.

O membro do clero explicou que os monges estavam a tentar salvar algumas relíquias do mosteiro mas os extremistas não o permitiram e tiveram de abandonar o local “a pé e apenas com as roupas que traziam vestidas”.

A Agence France-Presse, agência de notícias francesa, divulgou que os monges caminharam vários quilómetros até terem sido resgatados por combatentes curdos que os levaram para Qaraqosh, “localidade que tem acolhido grande parte dos cristãos em fuga de Mossul”, revelou a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Mossul, a segunda cidade mais importante do Iraque, verificou novo êxodo de cristãos depois do “ultimato” dos jihadistas do agora Estado Islâmico (IS), anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS), que obrigava a conversão ao islamismo ou ao “pagamento de um imposto especial de proteção”, explica a AIS.

D. Louis Sako, patriarca católico caldeu de Bagdade, numa mensagem apelou “aos que têm uma consciência viva do Iraque” onde inclui “os irmãos muçulmanos moderados”: “Os que têm a preocupação de que o Iraque possa continuar a ser um país para todos os seus filhos, os líderes do pensamento e de opinião e “os protetores da dignidade dos seus humanos e da religião”.

Segundo a AIS, nesta mensagem o prelado faz uma “breve resenha dos acontecimentos no seu país” onde pronuncia-se sobre o ultimato que obriga os cristãos à conversão ou ao pagamento de proteção.

“A única alternativa é abandonar a cidade e as suas casas apenas com a roupa que trazem vestida, não levando mais nada consigo. Além disso, pela lei Islâmica, após a sua partida as suas casas já não lhes pertencem, mas são imediatamente confiscadas como propriedades do Estado Islâmico”, escreve D. Louis Sako.

Para o patriarca católico caldeu o resultado de “toda esta discriminação imposta legalmente” vai resultar na “eliminação muito perigosa da possibilidade da coexistência entre maiorias e minorias” religiosas.
“Se continuarmos nesta direcção, o Iraque terá de enfrentar uma catástrofe humana, civil, e histórica”, acrescentou o prelado.

No domingo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também se referiu à situação dos cristãos em Mossul e disse que deve ser “considerada como um crime contra a humanidade”.

AIS/CB

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