II Concílio do Vaticano: Papa quer cardeais intrépidos

Com a criação dos 27 novos cardeais, no consistório de 22 de fevereiro de 1965, o Papa Paulo VI esclareceu que a sua intenção não “era tanto fazer crescer o esplendor da estrutura externa” da Igreja mas dilatar “a comunhão interna da Igreja”. Aos novos cardeais, o seguidor da obra iniciada pelo Papa João XXIII realçou: “O que quisemos aumentar, não foi o seu poder falaz, mas sim o seu valor espiritual”.

Com a criação dos 27 novos cardeais, no consistório de 22 de fevereiro de 1965, o Papa Paulo VI esclareceu que a sua intenção não “era tanto fazer crescer o esplendor da estrutura externa” da Igreja mas dilatar “a comunhão interna da Igreja”. Aos novos cardeais, o seguidor da obra iniciada pelo Papa João XXIII realçou: “O que quisemos aumentar, não foi o seu poder falaz, mas sim o seu valor espiritual”.

Devido à distância entre os vários organismos, o Papa Montini pretendeu mostrar uma maior proximidade entre estes, tal como o espírito de “dedicação e serviço”. No fundo, foi intenção do grande construtor do II Concílio do Vaticano (1962-1965) reforçar a “unidade e a vida da Igreja através de uma autoridade mais representativa”.

Mais do que dar aos cardeais “novas honras e privilégios”, Paulo VI pediu-lhe “novos serviços” porque o “peso e a complexidade” do governo central da Igreja estavam a aumentar.

50 anos depois, o Papa Francisco disse palavras semelhantes, no último consistório (14 de fevereiro de 2015), aos 20 novos cardeais, onde estava incluído o bispo de Lisboa, D. Manuel Clemente. “A dignidade cardinalícia é certamente uma dignidade, mas não é honorífica”, disse o Papa argentino na homilia. Ao falar da caridade, o Papa Bergoglio sublinha que esta “não é invejosa, não é arrogante nem orgulhosa” e as “próprias dignidades eclesiásticas não estão imunes desta tentação”.

Na alocução aos novos cardeais, o Papa Paulo VI desenvolveu “mais claramente o seu conceito de autoridade, relacionando-a com o serviço de unidade” (Cf. Boletim de Informação Pastoral; nº 37-38; Março-Maio de 1965; Página 41). O Papa Montini tem consciência de como o exercício da autoridade “é, por vezes, impopular”. Daí que a intrepidez, a coragem deva ser uma das virtudes dos cardeais: “aceitai, igualmente este dom pelo que pode ter de impopular e de pesado. Que não vos desagradem estas palavras que vos dirigimos no decurso das cerimónias: Deveis mostrar-vos intrépidos. Hoje, o encargo de governar os outros é acompanhado de grandes esforços espirituais”.

No discurso acutilante que serve igualmente para os dias de hoje, o Papa Paulo VI salienta que estes são “mais do que nunca necessários e providenciais” mesmo no interior da Igreja. O Papa que deu corpo ao II Concílio do Vaticano não quer que a Igreja seja “um redil fechado, imóvel, egoísta e exclusivo”, mas um rebanho “aberto, multiforme, com largueza ilimitada e polivalente da caridade”.
O Papa Francisco não se cansa de fazer os mesmos pedidos, mesmo para o interior da Igreja. Os novos cardeais escutaram as suas palavras…

LFS

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