II Concílio do Vaticano: O fim dum tempo e o nascer de outro

O dia 08 de dezembro de 1965 fica nos anais da história, não apenas religiosa, mas também da humanidade. Com o encerramento do II Concílio do Vaticano – convocado por João XXIII e continuado pelo seu sucessor – uma nova porta se abriu e entrou uma epifania do Espírito Santo.

O dia 08 de dezembro de 1965 fica nos anais da história, não apenas religiosa, mas também da humanidade. Com o encerramento do II Concílio do Vaticano – convocado por João XXIII e continuado pelo seu sucessor – uma nova porta se abriu e entrou uma epifania do Espírito Santo. Um acontecimento que os órgãos de comunicação social da altura trouxeram ao nível do homem da rua. Foi um facto histórico, daqueles que ficam a marcar o fim dum tempo e o nascer de outro.

No II Concílio do Vaticano redescobriu-se a Palavra de Deus na sua genuína fonte da Escritura-Tradição, na proclamação querigmática da Boa Nova anunciada aos pobres, na celebração litúrgica que a distribui aos fiéis reunidos em torno da sua mesa. A própria linguagem desta assembleia magna libertou-se das formulações jurídicas e teológicas, para se enriquecer das expressões imaginosas e animadas de que a Palavra de Deus concretamente se revestiu ao sair da boca ou da pena dos profetas e do Mestre.

Se o milagre das línguas permitiu a todos os estrangeiros entenderem a palavra dos apóstolos naquela primeira manhã da Igreja ativa, também neste concílio (1962-65) a Igreja se começou a expressar mais claramente na linguagem de todos os homens, cristãos e não cristãos.

Os padres conciliares entabularam na esperança o diálogo ecuménico e o diálogo com o mundo. Uma nova forma de dialogar que repudia as distâncias do «eu e eles», para a todos englobar no fraternal «nós» dos filhos de Deus. Com a realização do concílio, a Igreja não se sente como cidade forte fora do mundo e defendida dele, mas como fermento na massa a levedá-la toda. Há quem diga que o II Concílio do Vaticano encontrou uma nova maneira de apresentar ao nosso tempo as verdades de sempre. Dizer isto é pouco.

O interesse da nossa vida, do nosso pensamento e da nossa ação voltou-se para temas que andavam esquecidos. Temos novas possibilidades de refletir e de atuar. A Igreja recebeu uma nova estruturação nas suas esferas superiores e tomou consciência de funções das quais só tinha uma ideia relativamente confusa. Adquiriu um novo modo de presença no mundo. É esta a novidade do Concílio.

Fora da Basílica de São Pedro, no interior da imensa muralha circular que delimita as colunas de Bernini, o II Concílio do Vaticano findou numa quarta-feira com uma grandiosa cerimónia. O facto de se ter realizado ao ar livre marca a vontade do concílio e do Papa Paulo VI, de não colocar nenhum limite à solicitude da Igreja.

LFS

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