II Concílio do Vaticano: As frechas luminosas do «Pacto das Catacumbas»

Com o aproximar do encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-65), um grupo de padres conciliares reuniu-se nas «Catacumbas Domitilla», bem perto de Roma (Itália), e assinaram um documento no qual expressavam o seu compromisso com os ideais desta assembleia magna.

Com o aproximar do encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-65), um grupo de padres conciliares reuniu-se nas «Catacumbas Domitilla», bem perto de Roma (Itália), e assinaram um documento no qual expressavam o seu compromisso com os ideais desta assembleia magna.

Os cerca de 40 bispos presentes – um deles foi o bispo brasileiro, D. Hélder da Câmara – declararam que pretendiam «uma Igreja aberta ao mundo e próxima das pessoas».

Os bispos comprometeram-se a viver um estilo de vida simples e a exercer o seu ministério de acordo com os critérios evangélicos. O «Pacto da Catacumbas», assinado a novembro de 1965, recoloca o Evangelho no centro da vida cristã e sonha uma Igreja pobre ao serviço dos pobres. Para realizar este projeto, os prelados propunham-se fazer coisas simples que, se concretizadas, teriam um grande impacto na vida da Igreja e um grande efeito simbólico.

Numa das passagens do documento lê-se: “Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue”.

Talvez seja conveniente reler alguns parágrafos deste documento: “Para sempre renunciamos à aparência e à realidade de riqueza, especialmente no traje (tecidos ricos, cores berrantes, nas insígnias de matéria preciosa). Devem esses signos ser, com efeito, evangélicos: nem ouro nem prata”.

Os bispos – a maioria sul-americanos – escreveram também que não era necessário possuírem bens imóveis, nem contas bancárias, e se tal for preciso deviam estar em “nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas”. 

Em relação aos títulos e honrarias, os presentes realçaram que recusavam “ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (eminência, excelência, monsenhor…). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de padre”. 

Ao nível comportamental, as relações sociais deviam pautar-se pela sobriedade. “Evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos”.

Do mesmo modo, “evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão”. Os bispos comprometem-se também a dar tudo “o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração e meios ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese”.

LFS

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