Igreja: Visita Pascal ajuda a «tecer fios da relação entre as pessoas e a comunidade paroquial» – Padre Amaro Gonçalo

Secretário diocesano para a Coordenação Pastoral do Porto fala da imagem de uma «Igreja em saída»

Porto, 31 mar 2024 (Ecclesia) – O padre Amaro Gonçalo, secretário diocesano para a Coordenação Pastoral do Porto, afirmou que a Visita Pascal, o tradicional “Compasso”, é uma oportunidade de criar novas relações e mostra uma “Igreja em saída”.

“Temos aqui uma base para tecer um fio de relação entre pessoas que, de outro modo, dificilmente teríamos”, assinala, em entrevista à Ecclesia e Renascença, emitida e publicada neste Domingo de Páscoa.

“A Visita Pascal pode servir para tecer os fios da relação entre as pessoas e a comunidade paroquial”, acrescenta.

“Compasso”, com que se anuncia a ressurreição de Jesus nas ruas e casas de muitas localidades portuguesas, regressa este domingo às ruas do país.

“A Visita Pascal, de uma forma ou de outra, na rua ou em casa ou nas duas coisas, pode ser uma bonita expressão daquilo que o Papa Francisco chama uma Igreja em saída”, indica o pároco na Diocese do Porto.

Para o entrevistado, este anúncio representa um “esforço de saída, de encontro com as pessoas”.

“O encontro com as pessoas, a congregação de vizinhos, são valores pelos quais devemos lutar, embora eu perceba que em alguns contextos seja praticamente impossível, até pelos recursos humanos, porque nem toda a gente está com vontade de ocupar o seu dia de Páscoa numa atividade destas”, assume.

O padre Amaro Gonçalo sublinha que esta tradição representa “uma marca muito forte” do catolicismo que ninguém deve “descuidar”.

“Eu acho que esse sinal é muito bonito”, observa, apontando à imagem da “família que se reúne, que faz uma pequena oração e que, pelo menos, percebe que aquele dia não é um dia como os outros”.

Partindo da sua experiência como pároco em várias localidades, o sacerdote assinala que “há zonas deprimidas e que estão numa relação praticamente de indiferença em relação à comunidade paroquial, por razões geográficas, sociais, de proveniência”.

“Nós devemos preferir aqueles que ninguém quer”, sustenta, convidando as comunidades católicas a “dar o primeiro passo” ao encontro de quem mais precisa.

O encontro promovido nestas visitas, acrescenta, pode sinalizar casos de idosos isolados e pessoas doentes.

“A paróquia é a Igreja que está no meio das casas dos seus filhos e filhas”, indica.

O padre Amaro Gonçalo fala da “Páscoa como fonte de alegria”, mesmo que “tenha ainda as suas chagas visíveis”.

“É possível curar as nossas feridas e é possível construir um mundo diferente, um mundo novo, uma utopia de fraternidade”, conclui.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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