Igreja/Sociedade: Projeto «Distância Zero» combate o isolamento dos idosos e promove «acompanhamento em todas as suas vertentes»

Projeto do Centro Paroquial do Estoril, no Patriarcado de Lisboa, recebeu prémio

Lisboa, 09 nov 2020 (Ecclesia) – O Centro Paroquial do Estoril (CPE) está a desenvolver o projeto ‘Distância Zero’, para combater o isolamento social de idosos, através das novas tecnologias, visando um “acompanhamento em todas as suas vertentes”.

“A vertente física, psicológica, a vertente emocional, cobrir as necessidades mais básicas que tenham como a alimentação, a higiene pessoal”, explicou hoje Mariana Pinto Leite,  diretora técnica da Área Social do CPE, em declarações à Agência ECCLESIA

A responsável adiantou que já estão a abordar os idosos e familiares para saber se “estão interessados e que capacidade é que têm para integrar o projeto”, uma vez que por causa da pandemia algumas pessoas podem ter comprado “um tablet para poderem estar já em contacto com eles”.

‘Distância Zero’ vai proporcionar a “todos os idosos que quiserem” ter os serviços do centro de dia em casa”, assinala a responsável, observando que “os idosos perderam muitas capacidades, desde a memória, a capacidades físicas”, e têm a fisioterapeuta a tempo inteiro, “em visitas domiciliárias”.

As atividades que fazíamos no centro também as podem ter em casa através da plataforma, um concerto ou aula de música, rezar o terço. Percebemos que têm muitas saudades das atividades do centro, mas isso não chegava, eles têm muitas saudades uns dos outros”.

Os utentes vão três ícones na futura aplicação: A ‘Igreja’ “para as atividades religiosas”, como o “acesso às Missas da paróquia, rezar o terço, a catequese, os grupos, porque as oportunidades são ilimitadas”; a ‘lista de contactos’ para “interação entre eles e familiares”, com a fotografia das pessoas; e a ‘sala virtual’ para as atividades do centro.

Para aprenderem a usar a app que “tem de ser mesmo muito visual e intuitiva”, Mariana Pinto Leite adianta que os idosos vão ter a ajuda do CPE; uma das ideias é serem os colaboradores a “ensiná-los” e “aproveitarem para se ligarem ao centro ou entre eles, quando vão fazer as visitas”.

“Quando abrirmos o centro de dia vamos dar essa formação também, aos que conseguirem ir. A ideia é que mesmo depois da pandemia os idosos na altura que vão menos ao centro de dia podem sempre estar ligados ao CPE e ligados entre eles”, indicou.

A responsável contextualizou que tinham cerca de 60 idosos que “iam todos os dias ao centro social” dno Estoril e, “de repente, deixaram de poder fazê-lo por causa da pandemia e ficaram muito isolados”, pelo que, “de forma muito natural”, transferiram esses serviços todos para casa das pessoas”.

“Quem estava disposto e sem medo que fossemos lá começamos a entregar refeições, a fazer fisioterapia em casa, etc. Há muitos que tinham medo, muitos não precisavam deste serviço mas sentiam muito falta do acompanhamento do dia-a-dia e sentem”, acrescentou.

Mariana Pinto Leite explica que surgiu a ideia de “criar uma aplicação muito simples, feita especificamente para este público-alvo” e para os idosos que conhecem há anos e que faça com que “possam estar mais próximos uns dos outros e do centro”.

Com o projeto ‘Distância Zero’, o Centro Paroquial do Estoril, no Patriarcado de Lisboa, foi um dos 24 vencedores do Prémio BPI “la Caixa” 2020 na categoria seniores.

A diretora técnica da Área Social do CPE explica que a app está a ser desenvolvida por uma empresa especializada e parte do financiamento é também para comprar “tablets e internet” para os idosos.

“É uma aplicação pensada especificamente para esta faixa etária que não tem tanta destreza como nós hoje e o prémio vai-nos permitir tornar isso possível. E depois podermos combater a solidão. Nós acreditamos que esta é uma maneira de combater a solidão, eles estão muito isolados não sabemos durante quanto mais tempo”, desenvolveu sobre o projeto pensado para 84 beneficiários, incluiu também “alguns idosos do serviço de apoio domiciliário”.

Mariana Pinto Leite destaca o trabalho de equipa e a “intervenção de todas as áreas” para conseguirem chegar ao projeto final tendo sido pensado “com a fisioterapeuta, a terapeuta ocupacional, com as psicólogas, as assistentes sociais”, pessoas que “conhecem muito bem os seus utentes, as capacidades, as potencialidades, as limitações”.

O Centro Paroquial do Estoril, canonicamente fundada em 1982, tem diversos serviços sociais, como o Centro de Dia, o Serviço de Apoio Domiciliário e Serviço de Apoio à Família, aconselhamento parental, creche e pré-escolar e a responsável lembra que “nunca” largaram “os idosos” e a primeira coisa foi criar uma “task force de Psicologia para apoiar os beneficiários e os próprios colaboradores”.

A diretora técnica da Área Social do CPE, que coordena as suas cinco equipas, começou a trabalhar durante o Estado de Emergência, a 1 de abril, e recorda que das primeiras ações foi a candidatura deste projeto e juntar “a equipa” e destaca que são equipas “muito motivadas para fazer melhor e a querer acompanhar as pessoas e preocupadas”.

CB/OC

 

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