Igreja: «Sínodo é todo o processo e não simplesmente a assembleia em outubro de 2023» – Juan Ambrósio (c/vídeo)

Jornalista Octávio Carmo destaca mudanças que promovem «direito de cidadania dos vários intervenientes»

Lisboa, 13 set 2021 (Ecclesia) – O teólogo Juan Ambrósio elogiou o processo que vai levar à XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa para 2023, decorrendo já a partir de outubro em três dimensões, diocesana, continental e universal.

“Mais do que uma novidade no sentido de se estar a fazer uma coisa que nunca se fez até agora, esta dinâmica sinodal está inscrita na matriz da própria comunidade cristã e do ser Igreja que foi assumindo vários contornos ao longo da história”, disse à Agência ECCLESIA.

O professor da Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), assinala que, “claramente”, começa a identificar-se que a “questão da sinodalidade é central neste papado” e que “é mais um processo do que simplesmente um momento”.

“O Sínodo é todo o processo e não simplesmente a assembleia que vai decorrer em outubro de 2023. A sinodalidade na Igreja é exatamente isto, este processo, esta maneira de ser e de agir: A Igreja é e age em sinodalidade, e a sinodalidade é talvez a garantia de uma maior fidelidade à de Deus”, desenvolveu, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

Já chefe de redação da Agência ECCLESIA, Octávio Carmo, afirma que a ideia lançada com esta assembleia “é realmente uma revolução”, desde o nível das bases, das comunidades, levando este processo “de consulta, de avaliação, de diálogo, de debate, de luta quando é preciso”, até às estruturas superiores.

“É revolucionário no sentido em que há o direito de cidadania dos vários intervenientes a terem a sua opinião reconhecida e plasmada em documentação”, acrescentou o jornalista, realçando que este Sínodo assume uma configuração diferente de concílio e “é uma mudança muito significativa”.

O arranque da próxima assembleia sinodal acontece no Vaticano, sob a presidência do Papa Francisco, nos dias 9 e 10 de outubro deste ano, e em cada diocese católica, sob a presidência do respetivo bispo, a 17 de outubro.

Segundo Octávio Carmo, a abertura ao debate, a abertura ao diferente, “a uma perspetiva local, que possa ser valorizada a nível global”, é que vai fazer “a grande diferença neste pontificado” e do seu ponto de vista “o grande legado” do pontificado de Francisco.

“Não é uma mudança de arquitetura, é uma arquitetura nova, há aqui um enfoque que me parece muito importante que é todo o processo da escuta, e isso é a base de todo este processo: Escutar o viver concreto das comunidades”, acrescentou Juan Ambrósio.

Em fevereiro, o Papa Francisco nomeou como subsecretária do Sínodo dos Bispos a irmã Nathalie Becquart, é a primeira mulher a desempenhar essas funções e também com direito a voto nestas assembleias; as três comissões que vão preparar a assembleia geral de 2023 contam com a presença de dez mulheres entre 41 elementos.

“É uma mudança significativa porque é uma porta que está aberta; É uma mudança de lógica, é dizer que o sínodo, embora se continue a chamar Sínodo dos Bispos, não é um espaço apenas de representantes masculinos”, salientou o chefe de redação da Agência ECCLESIA.

O vaticanista desafiou as dioceses a realizarem inquéritos “abertos a toda a população, não apenas aos católicos”, indo ao encontro das preocupações de “quem vê de fora a Igreja Católica, chamando ainda os jovens para as comissões diocesanas de consulta sinodal.

A Santa Sé publicou o documento preparatório e propõe um vade-mécum metodológico para o Sínodo dos Bispos, que pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

HM/CB

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