Igreja sem férias no Algarve

Turistas procuram praia e sol, mas também alimentam a sua fé Tempo de Verão é habitualmente um tempo de descanso. Deixam-se hábitos quotidianos, procura-se o descanso, o diferente. mas não implica que se percam os hábitos semanais, onde se inclui a participação litúrgica. Com o país a rumar ao Sul em busca de praia e sol, procuram-se também as igrejas, não apenas por serem locais frescos. São acima de tudo locais onde decorrem as celebrações eucarísticas, que em tempo de férias, acabam mesmo por aumentar. Há dois anos em Vila Nova de Cacela, na vigararia de Tavira, uma zona marcadamente rural e com uma participação nas celebrações eucarísticas “acima dos 40 anos”, o Pe. Leandro Garcês explica que a prática religiosa é normalmente baixa. Por isso alguns colaboradores, “que são pouquíssimos”, em parceria com o pároco, “estamos a tentar vitalizar a paróquia”, mas a maioria está “indiferente”, afirma à Agência ECCLESIA. “Poucos jovens, este ano tivemos cerca de 50 crianças na catequese”, adianta. O pároco nota uma continuidade na “utilização dos sacramentos”, mas também comportamentos pontuais. Por isso há quem diga que “quem vai animar a paróquia são os turistas”. E de facto assim é. No ano passado, aponta o pároco, havia mais turistas. Comentários comuns também entre os comerciantes locais, reflectindo-se esta quebra nas celebrações religiosas. Uma iniciativa inédita na localidade é a celebração eucarística no Domingo à noite, às 22h00. A verdade é que a eucaristia nocturna, apesar de “não consensual” tem enchido a igreja. Quem pretende aproveitar o dia na praia “pode participar na celebração também à noite”, aponta o sacerdote que acrescenta tratar-se de “algo a que as pessoas já estão habituadas”. A proximidade é o caminho. “A Igreja Católica é de pequenas comunidades e é assim que temos de trabalhar”, aponta o Pe. Leandro Garcês. “Nunca se conquista tudo de uma vez”, lembra o sacerdote apostado em chegar, de formas diferentes, às pessoas. José Pedro Martins, pároco de Portimão e Vigário Episcopal para a Pastoral aponta que o trabalho aumenta muito no Verão. “Contamos muito com os sacerdotes que aqui vêm passar as suas férias e que nos dão uma ajuda”, aponta à Agência ECCLESIA. Sobretudo as paróquias do litoral, junto de zonas turísticas, aumentam o número de celebrações eucarísticas. “Com uma maior procura é preciso diversificar as respostas”, aponta. O sacramento da reconciliação é solicitado, aponta o vigário da pastoral. Em algumas paróquias há também a preocupação de manter as igrejas abertas com acolhimento próprio. Aqui são os próprios jovens interessados em participar em programas para ajudar no pleno funcionamento das igrejas “prestando informações, ajudando no acolhimento”, explica o Pe. José Pedro Martins. Isto permite ter as igrejas abertas durante mais tempo, não apenas no período das celebrações. A Igreja não vai de férias e nesse sentido “temos de nos multiplicar”, refere o vigário episcopal que regista de qualquer forma “uma entreajuda e uma disponibilidade para ajudar”. O tempo do repouso pode significar “um apelo ao aprofundamento, à leitura, a uma revisão espiritual de vida”, aponta o pároco de Portimão. Um tempo de descanso que proporciona uma “paragem e uma contemplação que pode ser uma aposta, quando bem aproveitada”.

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