Igreja recolhe-se em defesa da vida

Um pouco por todo o país multiplicam-se as iniciativas de oração antes do momento de decidir sobre a despenalização do aborto Desde Janeiro que os espaços de oração, com ligação à oração pela vida, se têm multiplicado de todo o país, uma dinâmica reforçada ao longo desta semana, de Norte a Sul do país, onde várias paróquias e movimentos estão a organizar momentos de vigília. Esta realidade não é nova. Em 1997, quando no parlamento se começou a discutir a possibilidade de alteração da lei referente à legalização do aborto, se realizou uma vigília de oração em Lisboa, com ideia de se estabelecer uma continuidade e uma corrente de oração, “porque de alguma forma anteviamos que este tema voltaria a ser discutido”, explica à Agência ECCLESIA, Thereza Ameal, responsável nacional por esta dinâmica de vigílias. A partir daqui estabeleceu-se uma corrente de oração pela vida, que a partir de Junho de 1997, arrancou com primeiros encontros em Lisboa mas que se foram estendendo a todo o país, em muitas paróquias. Em 1998 ganharam de facto uma grande projecção, com novenas e vigílias. Em alguns locais, pós referendo, “esta dinâmica manteve-se, com diversos esquemas e apresentações, mas com o elo de ligação de rezar pela vida”, explica Thereza Ameal. Actualmente “voltámos a contactar todas as paróquias”, e a resposta foi unanime, visível no replicar de vigílias e momentos de oração, não só desde o principio do ano, mas com especial incidência nesta semana. “A oração não é feita para os referendos”, afirma a responsável nacional. Mas naturalmente “ganha um impacto maior nesta altura”, desejando que esta corrente possa continuar de outras formas, pois “é importante rezar pela vida, mas também por todos quantos trabalham em muitas instituições, com diversas respostas na defesa da vida e também por todos aqueles que têm responsabilidades, como os políticos, médicos”, sublinha. Quem vai participar numa vigília de oração “supostamente não está à espera de ser esclarecido, tem já a sua opção formada”, manifesta Thereza Ameal, rejeitando alguma conotação de campanha nestas iniciativas. A nível de organização “pedimos às pessoas para realizarem as vigílias até ao dia 9, sexta feira”, uma vez que o dia 10 é o dia dedicado à reflexão. De qualquer forma há paróquias que têm vigílias programadas para toda a noite, entrando no fim de semana. “Mas vamos estar a rezar e não a fazer comícios ou palestras sobre o assunto”, adianta, até porque “se não se puder rezar nas Igrejas, onde está a nossa liberdade religiosa?”, questiona. “A Igreja sempre rezou pela vida e sempre a defendeu”, aponta Thereza Ameal, porque sublinha “o poder da oração é o mais forte e que ajuda a vencer barreiras”. Esta responsável considera ainda que “quem se junta para rezar, disponibiliza-se também para o trabalho prático não só de campanha”, tornando esta atitude num comportamento constante. Para o Mosteiros dos Jerónimos está planeada, para o dia 9, uma vigília de oração. Esta iniciativa também não é nova, tendo-se iniciado em 1998 na altura do primeiro referendo sobre o aborto. “Esta é uma forma de mostrar o respeito pela vida unindo-nos em oração”, explica à Agência ECCLESIA, Mariana da Câmara, responsável pela organização da Vigília de Oração a realizar no Mosteiro dos Jerónimos. “O dom da vida é um dom principal, base de tudo, e rezando a nossa consciência será mais clara”, sublinha. Vigílias de oração sempre se realizaram, ganhando diferentes formas. “O problema da vida é grave, mas não é o único motivo que junta pessoas a rezar”, afirma Mariana da Câmara, que refere ainda que a quantidade de pessoas a deslocarem-se ao local não será importante, “mas antes o objectivo que as junta ali”, refere. Os paroquianos de Santa Catarina da Serra, diocese de Leiria-Fátima, estão a preparar a dinamização do terço, no Santuário de Fátima, para sexta feira à noite, segundo informação do próprio Santuário. Também no seu sítio da internet se pode encontrar uma mensagem, citando as “razões para escolher a vida”, apresentadas pela Conferência Episcopal Portuguesa, em Outubro passado. O Movimento Schõensttat quis também envolver-se nesta dinâmica de oração. No Santuário, na Gafanha da Nazaré, amanhã a partir das 21 horas, haverá lugar para quem se quiser juntar e rezar pela vida. Esta noite o Coliseu de Lisboa é palco do Mega Encontro pelo Não. “Um encontro e uma festa pela vida”, apontou Joana Fontes à Agência ECCLESIA, que encerra a campanha oficial da Plataforma estabelecida pelo Não.

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